domingo, 18 de dezembro de 2011

Questões para o próximo ano...

As desordens genéticas são uma importante fonte de custos (económicos, físicos e emocionais) não só para os indivíduos afectados e suas famílias como para a sociedade. À medida que as doenças provocadas por factores ambientais e atitudes pessoais corrigivéis vão sendo controladas, as doenças ou estados patológicos, genéticos ou com determinado padrão genético, tornam-se cada vez mais importantes. (Jenkins.J. 1994)

Quando falamos da importância dos genes nas doenças, que como diz o autor do texto, são uma importante fonte de custos não só para os indivíduos afectados e suas famílias como para a sociedade, é frequente esquecermos que também as doenças mentais devem ser consideradas. Importa portanto aos psicólogos ter em devida conta os factores genéticos, e não apenas os ambientais, na compreensão e tratamento das patologias mentais que afectam as pessoas e as suas famílias.

Depressão mata 1200 pessoas por ano em Portugal

A depressão dói?

Pesquisas encontram gene ligado à depressão

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Cromossomas o que são?

Os cromossomas representam as unidades hereditárias de todos os seres vivos, já que neles estão contidos os genes, responsáveis pela codificação da informação genética.
Nas células eucarióticas, encontram-se encerrados no interior do núcleo, enquanto que nas procarióticas não se apresentam contidos em nenhum compartimento, agrupando-se numa zona do citoplasma denominada de nucleoide.
O número de cromossomas de cada espécie é constante, assim como a forma individual de cada um deles. No homem, podem-se encontrar vinte e dois pares de cromossomas autossómicos e mais um par de cromossomas sexuais: XX na mulher e XY no homem. Os elementos de cada parelha cromossómica são provenientes, um de cada um, dos progenitores.
Podem ser observados como unidades individualizadas, ao microscópio, apenas em células em fase de divisão. Surgem com um aspeto de dois filamentos alongados longitudinalmente, as cromátides, unidas por uma zona de constrição, o centrómero. As cromátides são cópias exatas uma da outra, já que inicialmente existe apenas uma, que se duplica no decurso da interfase, ficando as cópias unidas pelo centrómero e podendo trocar segmentos entre si, num fenómeno denominado de crossing-over. As cromátides separam-se posteriormente, no decurso da anáfase, ficando uma em cada célula filha.
No núcleo da célula humana existem cerca de 6x 199 pares de bases de DNA, o que corresponderia a um filamento, se totalmente alongado, com cerca de dois metros. Os cromossomas formam-se por compactação da cromatina nuclear, isto é, os filamentos de DNA enrolam-se em torno de proteínas básicas, as histonas, formando unidades denominadas de nucleossomas, unidos entre si por DNA de ligação. Posteriormente, esta estrutura enrola-se novamente sobre si, formando uma cromátide altamente compactada e resistente, o que permite que o cromossoma seja cerca de 8000 vezes mais curto que a quantidade de DNA que contém, se este estivesse totalmente distendido. Cada cromatídio é assim formado por um cordão espiralado de DNA, condensado em torno de um esqueleto proteico.
Devido às propriedades básicas das proteínas presentes, os cromossomas são fortemente corados por corantes celulares ácidos.
Consoante a posição do centrómero, os cromossomas são designados de metacêntricos (posição mediana), acrocêntricos (centrómero próximo da extremidade terminal) ou anisobraquiais (comprimento desigual dos braços).
Podem ocorrer anomalias no decurso do processo de divisão celular, conducentes à alteração do normal número de cromossomas da espécie. Esta situação é grave, desencadeando diversas deficiências e, até mesmo, a inviabilidade. As alterações podem abranger a totalidade do cariótipo (euploidia) ou apenas alguns (aneuploidia).
As alterações podem também ocorrer na estrutura dos cromossomas, através da deleção, duplicação ou inversão de segmentos, sendo a gravidade da alteração dependente dos genes afetados.

                                                                                                                                              Hugo Oliveira

Um gene serve para ene!

Uma das questões que mais intrigaram e ainda intrigam os investigadores na área das Ciências da Vida é a de conhecer o modo como certas características, ditas hereditárias, se transmitem de geração em geração e, sobretudo, porque se expressam de formas diferentes à volta de um determinado padrão. Tudo se processa como se cada indivíduo possuísse uma espécie de “livro de instruções” que assegura um determinado padrão, embora permita variações. Esse “livro de instruções” é, como já sabemos, o património genético do indivíduo e corresponde ao seu genoma. De geração em geração e através dos gâmetas, esse património genético passa de pais para filhos.

Como tal, existe uma ciência que se dedica ao estudo dos genes, da hereditariedade e da variação dos organismos, e que é por isso um dos ramos mais importantes da Biologia. Essa ciência designa-se Genética. Os seres humanos já utilizam conhecimentos de genética desde a pré-história, através da domesticação e do cruzamento seletivo de animais e de plantas.

Atualmente, a genética tem uma utilidade igualmente importante, nas diversas áreas nas quais se aplica. Desempenha um papel fundamental na medicina, por exemplo, na medida em que nos permite diagnosticar problemas de saúde antes que estes venham a ocorrer (medicina preventiva).

Permite também um estudo detalhado das características dos indivíduos, podendo assim identificar anomalias e procurar as soluções mais adequadas para tais problemas. A utilização da genética na agricultura e na pecuária é também frequente, para selecionar as espécies mais produtivas, tornando-as mais viáveis para a produção e para o consumo, diminuindo simultaneamente os impactos ambientais. A genética aplica-se ainda em questões policiais, pois tornou a investigação mais fácil, uma vez que diminuiu a margem de erro entre suspeitos, em casos de paternidade por exemplo.

Enfim, a genética tem inúmeras aplicações na vida de todos nós, sendo por isso uma das principais ciências ao serviço do Homem. É uma ciência que possibilita não só o conhecimento e a compreensão do nosso passado (a evolução das espécies e a biodiversidade), como também possibilita uma melhoria progressiva da qualidade de vida do ser humano.

Maria Oliveira

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Genética

 Graças ao desenvolvimento da ciência temos hoje respostas para muitas questões que desde sempre se colocaram. A ciência ajuda nos a compreender o complexo processo de transmissão de características dos progenitores para a sua descendência. Muitos aspectos da forma do corpo e do funcionamento dos órgãos são transmitidos por hereditariedade. Muitas das nossas características já nascem connosco. Efectivamente, cromossomas, genes e ADN são os agentes responsáveis pela transmissão de características genéticas.
Todos os seres vivos são constituídos por células que apresentam uma organização estrutural complexa, nomeadamente o núcleo, organelo altamente organizado. É no interior deste que se encontra a informação genética.
Observando ao microscópio o núcleo de uma célula no período de divisão nuclear, e possível observar um numero definido de longos filamentos enrolados, constituídos quimicamente por ADN e proteínas. Cada uma dessas estruturas constitui uma entidade designada de cromossoma. As proteínas definem a forma física do cromossoma. As células dividem sãs em duas fazendo uma prévia cópia do seu X, mantendo portanto o mesmo número de cromossomas. Este processo de divisão designa-se de mitose.
Os cromossomas são as estruturas mais importantes das células durante a divisão celular, uma vez que são responsáveis pela transmissão hereditária de geração em geração. O numero e a forma dos cromossomas e característico de cada espécie, designando-se de cariótipo. Cada par de cromossomas do mesmo tipo possui um elemento de origem materna e outro de origem paterna. Estes cromossomas, com forma e estrutura idêntica, são designados de cromossomas homólogos.

Genes
Segmentos de ADN com um determinado número de nucleótidos e uma ordem própria constituem uma linguagem química designada por gene. O gene e um segmento de um cromossoma a que corresponde um código distinto, uma informação para produzir uma determinada proteína ou controlar uma característica, por exemplo da cor dos olhos. O genoma é o conjunto de genes que constituem o ser humano. O grande objectivo da ciência e interpretar o genoma identificando os genes e definido as suas funções, bem como se relacionam entre si. Em cada par de cromossomas homólogos existem genes com informações para o mesmo carácter, ocupando a mesma posição relativa, isto é, situado no mesmo LOCUS – são designados genes alelos.
A meiose é de grande importância para os seres vivos porque contribui para a variabilidade genética das espécies. Conduz à separação ao acaso dos cromossomas homólogos e permite a redução para metade do número específico de cromossomas que caracterizam a espécie. Também o carácter aleatório do encontro dos gâmetas durante a fecundação reforça a diversidade genética.

Hereditariedade especifica e individual
A hereditariedade específica corresponde a informação genética responsável pelas características comuns a todos os indivíduos da mesma espécie, determinando a constituição física e alguns comportamentos.
A hereditariedade individual corresponde à informação genética responsável pela característica de um indivíduo e que o distingue de todos os outros membros da sua espécie. E o que o torna único.

Genótipo e fenótipo
O genótipo corresponde a colecção de genes de que o indivíduo é dotado aquando a sua concepção e que resulta do conjunto de genes provenientes da mãe e do pai. O genótipo e portanto o projecto genético de um organismo, e o conjunto de caracteres tal como são definidos pelos genes.
O fenótipo designa a aparência do indivíduo. E o conjunto de características observáveis anatómicas, morfológicas, fisiológicas -que resulta a interacção entre o genótipo e o meio ambiente. Corresponde à actualização de genótipo.
                                                                                   
                                                                                                                                            Hugo Oliveira

domingo, 4 de dezembro de 2011

Porque sonhamos?

O sonho é uma experiência que possui significados muito distintos, especialmente se esta interpretação envolver as diferentes religiões, culturas e até a ciência. Para a ciência, mais precisamente a Psicologia, o sonho será a imaginação do inconsciente durante o nosso período de sono. Recentemente, descobriu-se que até os bebés no útero têm sono e sonham, mas não se sabe com quê, devido ao facto de eles não terem vivido fora do útero, e assim, não terem experiência alguma. Em diversas tradições culturais e religiosas, o sonho aparece revestido de poderes premonitórios ou até mesmo de uma expansão da consciência. De facto, esta questão dos sonhos, já há muito que se vem a discutir, pois, todos nós sonhamos, e temos em média três sonhos por noite, o que equivale a cerca de 1100 sonhos por ano, e tantos sonhos devem ter algum significado, alguma razão.

Assim, em 1900, Sigmund Freud causou uma revolução no estudo da mente ao publicar: “A Interpretação dos Sonhos”, onde contestava a noção bíblica de que os sonhos eram fenómenos sobrenaturais, afirmando que derivavam apenas da Psique humana, isto é, da nossa mente. Freud faz também uma distinção entre o conteúdo manifesto do sonho (o que é lembrado, o que é consciente) e o conteúdo latente (os medos, desejos, recalcamentos). Por isso, acreditava que se conseguíssemos decifrar os sonhos, poderíamos entender o que se passa na nossa mente.

Obviamente, estas teorias foram ridicularizadas, não só por irem contra a religião, mas também por não terem qualquer nexo para a sociedade da época. Cem anos mais tarde, estas teorias estão a ser testadas.

A primeira ideia de Freud e confirmada pela ciência, é a de que os sonhos serão restos do dia, ou seja, algo que aconteça durante o dia, fará parte dos nossos sonhos durante a noite. Esta confirmação terá sido feita por dois investigadores da Universidade de Rockefeller, ao observarem que os neurónios mais ativos dos ratos durante o dia, continuavam a estar ativos durante a noite.


Isto significa que, por exemplo, se alguém teve uma experiência marcante durante o dia como um ataque de um leão, a probabilidade de sonhar com isso durante a noite é muito grande, ou então se foi para a guerra durante algum tempo, a probabilidade de continuar a sonhar com essa experiência é igualmente muito elevada. Porém, como na nossa sociedade ninguém tem experiências extremas todos os dias, os sonhos acabam por ser uma mistura de muitas situações que vivenciamos durante o dia.

Podemos levantar agora outra questão, de onde vêm aqueles sonhos estranhos, com situações que nunca nos deparamos, com experiências que nunca vivenciamos, com perigos que nunca experimentamos? 

De onde vêm os sonhos nos quais voamos ou estamos à porta da morte? Para a ciência, tudo isto vem do nosso inconsciente, uma vez que a fase de censura, determinada por Freud, está muito menos ativa, permitindo o acesso ao consciente de pensamentos, imagens, situações vividas ao longo de toda a nossa vida, que se não se manifestassem nos sonhos, nunca deixariam de permanecer no nosso inconsciente.

Durante o sono, o nosso cérebro está assim, com uma elevada atividade, mas não tem as informações sensoriais que nos apresenta o dia-a-dia, como os cheiros, imagens, sons ou outras informações, deste modo, a atividade sensorial está livre e vai até onde quiser, até às memórias mais fortes, ou seja, todos os sonhos que apresentem imagens aparentemente inéditas, tratam-se apenas de combinações de uma série de símbolos que cada um de nós já conhece de outras experiências.

Mas afinal, para que servem os sonhos? Tudo indica que, tanto os sonhos que consideramos bons, como os que consideramos maus, têm a função de simular comportamentos durante o tempo em que estamos acordados, durante os nossos dias. Logo, a sua função deveria ser evitar ações das quais resultassem punições e conduzir àquelas que levassem à concretização de desejos. Por exemplo, uma pessoa tem um sonho no qual é atacada por um cão, depois de ter entrado numa estrada menos movimentada e escura, pois estava de noite e essa estrada tinha uma iluminação muito débil. Assim, e se essa pessoa se lembrar do sonho quando acordar, vai ficar um pouco traumatizada, e quando na vida real se deparar com uma situação idêntica, terá muito mais cuidado e evitará situações de desprazer.

No sonho bom, a pessoa depara-se com uma situação de bem-estar, contentamento e, como tal, durante o próximo dia irá tentar satisfazer esse desejo. O mais curioso é que esta questão combina, de certa forma, com a ideia freudiana de que a função dos sonhos é a satisfação do desejo, teoria que havia sido tornada motivo de chacota nas últimas décadas.

Joaquim Oliveira

O que é a Psicoterapia?



A psicoterapia é uma actividade profissional, que apesar de ser uma prática comum em muitos países há muitos anos, era até há bem pouco tempo desconhecida da grande maioria dos portugueses. Não surpreende pois, que para muitos dos clientes que procuram ajuda de um psicoterapeuta, não seja muito claro em que consiste uma psicoterapia, existindo  nomeadamente alguma confusão, causada pela comparação com a consulta médica. A psicoterapia trata diversos problemas psicológicos, entre os quais a depressão, a ansiedade e as dificuldades de relacionamento com as outras pessoas são os mais comuns. É uma forma muito eficaz para a resolução de problemas psicológicos, mesmo daqueles que já existem há muitos anos. O tratamento destes problemas é feito através de conversas semanais de 50 minutos com um psicoterapeuta (geralmente um psicólogo). 


A psicoterapia pode ocorrer em conjunto com um tratamento medicamentoso com ansiolíticos ou anti-depressivos. A não ser que existam problemas ao nível físico, estes medicamentos não curam os problemas, mas aliviam os sintomas. Nalguns casos, os medicamentos podem ser mesmo necessários para melhorar o funcionamento mental do cliente, de forma a possibilitar a psicoterapia. Contrariamente ao que muitas pessoas  pensam, este tratamento não se resume a um conjunto de conselhos. Esta forma de ajuda também existe e chama-se aconselhamento psicológico.


Um outro aspecto em que a psicoterapia é diferente do tratamento médico é que o cliente não se deve limitar a deixar-se  tratar, mas espera-se, outrossim, que colabore activamente no processo.  Muitas vezes é o cliente que traz o tema da sessão, sabendo ele/ela melhor que ninguém o peso dos factores que compõem a sua vida. Parte significativa do trabalho terapêutico é feita entre as sessões, reflectindo sobre algo e testando aquilo que foi dito na vida real. Para estimular esta actividade, o terapeuta muitas vezes pode prescrever «trabalhos de casa». Para realçar este papel activo, a pessoa que procura ajuda psicoterapêutica é chamada “cliente” e não paciente. 

Luís Lopes

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Inteligência!


              A palavra inteligência vem do latim “intelligentia”, que por sua vez nasce do verbo “intelligere”, formado por “inter” = “tra” e “legere” = ler, captar, “sacar” e também “ligar”. Então, inteligência é a capacidade de ler entre as linhas e de ligar idéias não explicitamente relacionadas. A pessoa inteligente colhe os pensamentos, é capaz de raciocínios abstratos, sabe planejar e criar estratégias.
             É importante estabelecer logo uma diferença entre esperteza e inteligência. Usa-se muito o termo “esperto” para designar pessoas que encontram soluções e saídas de situações espinhosas, ou que sacam respostas com rapidez. A raíz de ambas as atitudes está na curiosidade inicial da vida, no espírito vivo que caracteriza tantas crianças pequenas. É do ser humano querer saber que encontram soluções para sua sobrevivência.
             Contudo, sem o mundo do conhecimento, das idéias amplas e das relações universais entre conceitos, esse espírito vivo e curioso se resume à astúcia de “salvar a pele”. Podemos definir o esperto como aquela pessoa que tem inteligência prática cuja referência é seu ego (como ganhar vantagem ou superar um obstáculo, proteger-se ou obter o que se quer). Na vida diária a esperteza é essencial para a sobrevivência, mas deixada a si só ela se transforma facilmente em “malandragem”.
              Inteligência também não é conhecimento, no sentido de saber muitas coisas. Para isso basta ter uma boa memória. Ir à faculdade não é sinônimo de inteligência. Escrever textos para fazer provas não necessita sequer de esperteza mas da determinação para passar o teste. Não é lendo livros que se adquire inteligência, apesar de ser importante não é suficiente.
Nascemos todos com um belo corpo, esbelto a saudável, pronto para o uso. Se, ao invés de exercitá-lo o deixamos mofando na frente de uma TV ou jogando joguinhos tolos, aquela agradável forma inicial vai se deformando, e logo temos as crianças obesas, preguiçosas e malandras que facilmente se vê por aí. Com a inteligência acontece o mesmo. O potencial está lá, bonito e lustro, precisa ser exercitado, treinado e aprimorado para obtermos aquela maravilhosa capacidade de elevar-se acima da gravidade do dia-a-dia e construir pensamentos universais, tão elegantes quanto significativos. As piroetas e acrobacias que vemos uma habilidosa ginasta executar são fruto de anos de treinamento feito com dedicação e seriedade. O mesmo vale para a inteligência.

              O exercício para fortalecer a inteligência é o estudo crítico e o pensamento reflexivo. Por estudo crítico entendo aquela forma de estudar que não se limita a absorver informações mas que as religa, elabora, repensa, aprofunda e questiona. Pensamento reflexivo corresponde à capacidade de pensar o próprio pensado, isto é de questionar o pensamento e refletir sobre ele sem tomar por óbvio o que vem. O pensamento reflexivo é dialético e questionador, mas não por espírito de revolta e por estar animado pela vontade de saber, de enteder “de verdade”. A inteligência necessita de muita e variada leitura, de espírito crítico e investigador, de amor pelo conhecimento, de prazer pelo pensar e comprender, e de honestidade intelectual a qual permite perceber o preconceito e desconstrui-lo (pois até do preconceito é possível obter interessante conhecimento). Cada novo texto ou nova situação de vida coloca a pessoa inteligente à frente de onde estava antes.
             Inteligência é creativa, de tudo sabe extrair novo conhecimento, ela não olha para nada com desdém, e com isto espero ter ajudado melhor a esclarecer qualquer duvida relativamente a este assunto.
Ricardo Gonçalves

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Evolução do conceito de comportamento

Jean Piaget
O esquema explicativo proposto pelos behavioristas R=F(S) não resiste à constatação que se pode fazer com exemplos do dia-a-dia, vividos ou observados por todos nós. Essas situações servem para pôr em causa o rigoroso determinismo estimulo-resposta defendido pelos behavioristas. Perante a mesma situação, é grande a possibilidade de surgirem respostas diferentes. Por exemplo, quando ocorre um acidente (S), as respostas dos sujeitos que o presenciam não são as mesmas: um pode socorrer a vitima, outro pedir ajuda e outro impressionado afastar-se. 
Paul Fraisse
Além disso, o mesmo sujeito, perante a mesma situação, pode em momentos diferentes, comportar-se de forma distinta. Uma das criticas mais contundentes ao conceito de comportamento defendido pelos behavioristas foi apresentada por Paul Fraisse e Jean Piaget que propunham uma interpretação mais dinâmica do comportamento.

Para estes psicólogos, o comportamento é a manifestação de uma personalidade (P) numa dada situação (S). O esquema explicativo que propõem é mais adequado aos comportamentos humanos, dado que tem em conta quer as determinantes do meio quer a personalidade do sujeito R=F(SDP) O comportamento depende da interacção entre a situação e a personalidade do sujeito. A dupla seta (Dreflecte o carácter dinâmico da relação: não se pode encarar a personalidade independentemente da situação. Produto de um processo complexo, no qual intervêm factores internos e externos, a personalidade constrói-se no contexto do meio, nas diferentes situações vividas pelo sujeito. Por outro lado, o modo como a situação é encarada, interpretada, depende também da personalidade e das experiências anteriores do individuo. Para alguns autores o que é importante para explicar o comportamento é o modo como o individuo integra os dados da situação tendo em conta a sua personalidade e experiências. Muitos outros, chamam a atenção para a importância das significações, isto é, para aquilo que uma situação representa para um sujeito.

Marco Pereira

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Surreal! – A crónica dos arquitetos dos sonhos

O Surrealismo foi um movimento artístico que teve origem em França, nos anos vinte. Este movimento teve vertentes na pintura, escultura, literatura, teatro e cinema e foi influenciado de forma significativa pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, que por sua vez, demonstram a importância do inconsciente no que diz respeito à criatividade do ser humano. Alguns dos seus representantes mais importantes são, na literatura, André Breton, considerado pai da tendência e autor do Manifesto Surrealista e, na pintura, Salvador Dalí.

Este estilo apresenta um conjunto de características do abstrato, do inconsciente e do irreal, que se relacionam entre si. De acordo com os surrealistas, e tal como Freud pensava, a mente humana deve transpor as exigências impostas pela lógica e pela razão. Defendem também que a atividade artística deve ir para além da consciência do dia-a-dia, ultrapassando os padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade, para expressar o mundo do inconsciente e dos sonhos. Portanto, os artistas ligados ao surrealismo rejeitavam os valores ditados pela burguesia na época, tais como a família e a pátria. Criavam então obras repletas de humor, fantasia e contralógica.

O Surrealismo salienta ainda os impulsos provenientes das regiões menos exploradas da mente humana, pelo que os seus temas advêm normalmente do inconsciente: os sonhos, a loucura, as alucinações, as alterações de humor e os delírios. Manifesta-se através de temas simbólicos, incomunicáveis e pessoais e admite que o mundo irreal é tão verdadeiro quanto o mundo real. 

O homem, segundo André Breton, “esse sonhador definitivo”, quis assim provocar a revolução na arte no mundo enfraquecido pela primeira guerra mundial. Quis conhecer uma realidade que não fosse a exterior, igualmente lógica, e entregou-se ao pensamento livre, espontâneo e irracional, sem preocupações de ordem estética ou moral. Assim, vasculhou na alma o mundo dos sonhos e deixou que estes fossem a sua temática delirante. 

Hoje sabemos que Freud refutava a ideia de que o seu objeto de estudo fosse o mesmo que o objeto de desejo dos surrealistas, o inconsciente, uma vez que o psicanalista acreditava que o automatismo psíquico na arte era consciente. 

No entanto, Freud com a invenção da psicanálise e os surrealistas com a invenção de uma forma de expressão justa para com a imaginação e grandeza do ser que não é palpável, propuseram um ponto de partida à descoberta da mais pura infância da mente, aquela de onde crescemos apenas para nos começarmos a conhecer.

Maria Oliveira

domingo, 27 de novembro de 2011

Construtivismo de Piaget

Psicólogo e epistemólogo dos processos mentais (mais concretamente cognitivos), nasceu na Suíça, em Neuchêtel, no dia 9 de Agosto de 1896. Jean William Fritz Piaget, realizou o seu doutoramento em zoologia e estudou psicologia, simultaneamente com psiquiatria, em Zurique. 
Psicólogo que se tornou mundialmente conhecido pelos seus trabalhos acerca do desenvolvimento do pensamento e da linguagem na criança (Piaget priviligia o estudo de um único caso, no entanto executando-o intensivamente), contribuindo, deste modo, para o estudo do mecanismo geral da inteligência adulta (tendo, anteriormente, elaborado um conjunto de pesquisas sobre a estrutura da inteligência no Instituto Jean-Jacques Rousseau, em Genebra). Piaget efetuou então, essa mesma investigação, recorrendo à observação dos processos comportamentais das crianças, no seu ambiente natural. Ou seja, em locais nos quais estas não se sentissem observadas ou até mesmo constrangidas em prol de uma análise mais fiel – sem mudanças de comportamento (visto que isso poderia acontecer se se encontrassem em circunstâncias diferentes das habituais).
Na generalidade, os seus estudos incidem sobre a forma como se constrói o conhecimento e a génese das estruturas psico-cognitivas e afetivas dos indivíduos, processo que, de acordo com Piaget, ocorre segundo determinados estádios de desenvolvimento, com uma sucessão previsível. Estes estádios ou etapas caracterizam diferentes momentos da evolução física, intelectual e social de cada ser humano e constroem-se, segundo este autor, através de “uma calibragem progressiva, uma passagem perpétua de um estado de menor equilíbrio a um estado de equilíbrio superior”. São, então, estas etapas que constituem um processo que é denominado de construtivismo de Piaget. Este processo, apoia-se em estruturas cognitivas que se vão interligando, numa sucessão significativamente regular, flexível e cada vez mais complexa.
Desta forma, o construtivismo salienta a capacidade que cada pessoa tem em construir o seu próprio processo evolutivo e de aprendizagem, o qual tem um forte influência e relação direta com o meio, nomeadamente no que diz respeito à interação estabelecida com os objetos, acontecimentos e pessoas, ao longo do tempo (como resposta a estímulos exteriores). É aqui, nesta mesma interação que surge a óbvia oposição ao behaviorismo que, por sua vez dá ao meio um papel muito mais importante, colocando o individuo como um recetor passivo na influência do ambiente no qual está inserido.
 No crescimento cognitivo, Jean chama a atenção para a atividade da criança sobre o seu meio ambiente, que resulta por um lado, do seu interesse, curiosidade e necessidade de ação, e por outro, das estruturas físicas e psíquicas que possui. Assim, verifica-se uma relação estreita entre a constituição e desenvolvimento do individuo (o que a criança é capaz de fazer fisicamente) e a evolução pensante, como meio de compreensão do mundo que o rodeia. Assim sendo, para este psicólogo, um ser humano para ser considerado adulto necessita de “preencher” alguns requisitos a vários níveis. Ser adulto, do ponto de vista fisiológico, é ter a capacidade de ser reproduzir. Já do ponto de vista psicológico, o individuo tem de ser capaz de perspetivar o seu futuro, de saber lidar com o sentido de responsabilidade e de conseguir formar laços afetivos com as pessoas que mais se idêntica. Cognitivamente, ser adulto é sinónimo da realização de processos mentais mais complexos, extrapolando do concreto e elaborando associações de conhecimentos que se interligam.
 Este conjunto de “requisitos” é a prova teórica da prespetiva psicóloga de Piaget em relação ao pensamento humano (processos mentais). É, sem dúvida, uma perspetiva evolutiva que rejeita, de certa forma, a teoria da “tábua rasa”, visto que o individuo não se deixa influenciar passivamente pelo meio – interage com o mesmo.

Cesarina Ferreira

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Erro de Descartes - António Damásio


António Damásio estudou um paciente que teve um acidente na sua parte cerebral. Elliot, o sujeito do acidente não teve problemas na parte visual, da fala e nos seus movimentos. António Damásio fez diversos testes de QI, além de outros tipos de testes de inteligência. Surpreendentemente, Elliot teve resultados muito bons, às vezes melhor do que a média da população, provando que era dono de um intelecto saudável. 

Ao longo da convivência com Elliot, António Damásio verificou que Elliot contava sobre a tragédia da sua vida de forma impassível. Com o passar do tempo, notou que Elliot quase nunca se zangava, nem se incomodava com as milhares de perguntas repetitivas de Damásio. Num outro teste, foi colocado estímulos visuais carregado em frente de Elliot como: pessoas afogando-se, terríveis e terramotos. Elliot, impassivo, fez um comentário que abriu os olhos de Damásio: "sinto que meus sentimentos mudaram após o acidente", ou seja, Elliot constatou coisas que antes lhe causavam emoções fortes, agora não lhe causavam nenhuma reação, nem positiva, nem negativa.
De fato, segundo Damásio, nenhuma emoção era muito intensa em Elliot, nem tristeza nem alegria. tanto o prazer como a dor pareciam ser de curta duração.


Descartes acreditava que o corpo era separado da mente. A mente só precisava do corpo para poder funcionar, fora isso, não havia nenhuma relacção entre eles. António Damásio acredita justamente o contrário, que corpo e mente estão intimamente relacionados: a mente comanda o corpo inteiro, mas são as sensações que o corpo manda para mente que induzem a mente funcionar daquela maneira, contrapondo o dualismo cartesiano no qual a alma (razão pura) é independente do corpo e das emoções.



Rui Leitão

O consciente e o inconsciente na forma de um Iceberg


A Mente humana esta dividida em duas partes a mente consciente e a mente inconsciente.

À semelhança de um iceberg, a parte escondida e submersa representa 2/3 do nosso ser, enquanto a nossa parte consciente representa 1/3 do nosso ser.
É com a mente consciente que fazemos cálculos aritméticos, que pensamos e racionalizamos, e a mente inconsciente é o reservatório que possuímos onde se guardam todas as experiências da nossa vida, as emoções, as  vivências…  tudo fica registado. 
O consciente tem acesso às informações que estão guardadas no inconsciente quando precisa racionalizar, estas informações são automaticamente passadas ao consciente na forma de memórias, instintos e sensações.
O Corpo é o “hardware” e a Mente o “Software”, e para tratar o software, apenas a programação é eficaz.

Rui Leitão

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Psicanálise de Freud

A psicanálise caracteriza-se como uma corrente da Psicologia que busca o fundamento oculto dos comportamentos e dos processos mentais, com o objectivo de descobrir e resolver os conflitos intra-psíquicos geradores de sofrimento psíquico. Trata-se, ao mesmo tempo, de uma disciplina científica que visa descobrir e mapear as estruturas da Psique e de um método terapêutico, assente numa relação profunda entre o psicanalista e o paciente.


Uma das mais importantes descobertas de Freud é a de que há uma sexualidade infantil: o psiquismo humano forma-se a partir dos conflitos que, desde o nascimento, confrontam os instintos sexuais (a Líbido) e a realidade. Podemos dizer que, em termos psicanalíticos, nós somos o resultado da história da nossa infância. Outra descoberta importante é a de que a nossa mente consciente não controla todos os nossos comportamentos. A descoberta do inconsciente trouxe uma revolução à Psicologia e à forma como esta encara o ser humano. 


O desejo e a insatisfação são elementos inerentes à nossa vida psíquica. Todos os nossos comportamentos resultam duma fonte energética inesgotável e cuja manifestação assume múltiplas formas… Trata-se do núcleo instintivo que dá vida à nossa Psique, constituído por duas polarizações antagónicas: A Líbido, o desejo sexual, a que Freud deu o nome de Eros. E o impulso de morte, ligado à agressividade (auto e hetero dirigida), a que Freud deu nome de Thanatos. A nossa infância “persegue-nos” ao longo de toda a nossa vida, uma vez que é nesse período que a nossa personalidade se desenvolve. Ao longo da infância o inconsciente vai dividir-se e dar origem às outras instâncias da Psique. Por isso passamos por períodos de crise, de ruptura e de reconfiguração das nossas estruturas psíquicas. 




O inconsciente corresponde aos conteúdos instintivos, hereditários, da mente, bem como aos conteúdos recalcados ao longo da história de vida do indivíduo. O inconsciente não esquece nada, todos os incidentes da história de vida do indivíduo ficam aí retidos e guardam a mesma força e vivacidade do momento em que foram vividos. O inconsciente é imune ao tempo. Os processos que estão na origem das neuroses, são idênticos aos que servem de fundamento à vida psíquica saudável, pelo que é possível usá-los para conduzir os pacientes à solução dos seus conflitos psíquicos. E esses conflitos marcam a nossa personalidade e tornam-nos únicos.



Por isso a psicanálise assenta na análise das mensagens que o inconsciente dos pacientes envie à consciência, através dos sonhos, dos actos falhados, das fobias e dos desvios comportamentais. 


Mas, para além disso, existe um mecanismo de segurança que impede que os conteúdos ameaçadores da sanidade mental e da sobrevivência física ou social do indivíduo acedam à consciência: trata-se da barreira da Censura que é responsável pelo recalcamento desses conteúdos perigosos. Esta instância daria lugar aos mecanismos da defesa do Ego, quando Freud desenvolveu a sua teoria psicanalítica.


Luís Lopes

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Parábola dos porcos

Jesus pregava em todos os lugares por onde passava: casas, montes, praças, sinagogas e nas praias. Os seus ensinamentos eram ouvidos por uma multidão que o seguia onde quer que fosse. Todos admiravam a sua sabedoria. Jesus ensinava através de histórias: as chamadas parábolas.
A parábola dos porcos
Quando Jesus chegou aquela terra, veio-lhe ao encontro um homem da cidade, possesso por demónios, que havia muito tempo, não vestia roupa, nem morava em casa, mas nos sepulcros.
Quando ele viu Jesus, gritou, prostrou-se diante dele, e com grande voz exclamou: Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Rogo-te que não me atormentes - porque Jesus ordenara ao espírito imundo que saísse do homem, pois já havia muito tempo que se apoderara dele; e guardavam-no preso com grilhões e cadeias; mas ele, quebrando as prisões, era impelido pelo demónio para os desertos.
Perguntou-lhe Jesus: Qual é o teu nome? Respondeu ele: Legião; porque tinham entrado nele muitos demónios. E rogavam-lhe que não os mandasse para o abismo. Ora, andava ali pastando no monte uma grande manada de porcos; rogaram-lhe, pois que lhes permitisse entrar neles, e Ele assim fez. E tendo os demónios saído do homem, entraram nos porcos; e a manada precipitou-se pelo despenhadeiro no lago, e afogou-se. Quando os pastores viram o que acontecera, fugiram, e foram anunciá-lo na cidade e nos campos. Saíram, pois, a ver o que tinha acontecido, e foram ter com Jesus, a cujos pés acharam sentado, vestido e em perfeito juízo, o homem de quem havia saído os demónios; e se atemorizaram.
Os que tinham visto aquilo contaram-lhes como fora curado o endemoninhado.
Então todo o povo da região dos Gerasenos rogou-lhe que se retirasse deles; porque estavam possuídos de grande medo. Pelo que ele entrou no barco, e voltou. Pedia-lhe, porém, o homem de quem haviam saído os demónios que o deixasse estar com ele; mas Jesus o despediu, dizendo: Volta para tua casa, e conta tudo quanto Deus te fez. E ele se retirou, publicando por toda a cidade tudo quanto Jesus lhe fizera.

Hugo Boss

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Qual a importância da Psicologia?

Nos dias que correm, nem todos atribuímos a devida importância ao papel que a psicologia desempenha nas nossas vidas. Mais do que uma ciência que estuda o comportamento e os processos mentais, a psicologia tem como foco principal o indivíduo, o ser humano, pelo que se aplica em todos os momentos da nossa existência, nas diferentes formas através das quais nos expressamos.

A psicologia começa a fazer parte das nossas vidas logo a partir da infância, pois para além de esta ser um período de grande desenvolvimento físico, é também um período no qual o ser humano se desenvolve psicologicamente. A infância envolve mudanças graduais no comportamento de uma pessoa e a aquisição das bases da sua personalidade. Por estes motivos, os pais de uma criança possuem um papel fundamental no seu desenvolvimento psicológico, pois são os principais responsáveis por cuidar da criança, através da aprendizagem de bons hábitos comportamentais e do cumprimento das suas necessidades.

As necessidades psicológicas de uma criança são normalmente estabelecidas pelas aptidões e pelos traços de personalidade que os pais esperam que o seu filho desenvolva. Algumas destas necessidades são incentivadas pela sociedade em geral, outras apenas em algumas culturas. No entanto, todas as crianças possuem certas necessidades psicológicas, tais como sentir-se amadas pelos pais. Muitas vezes, quando estas necessidades não são preenchidas, as crianças podem vir a desenvolver sérios problemas emocionais.

A psicologia está também presente nos processos educativos. A aplicação da psicologia no ensino e nas escolas é muito frequente, pois educar é um processo que implica moldar mentalidades, personalidades, promovendo atitudes voltadas para a apreensão e compreensão, atingindo assim um determinado nível de cultura e de entendimento por parte dos alunos. Portanto, qualquer professor deve interessar-se pela forma como os seus alunos aprendem e se desenvolvem, para além de saber identificar e lidar com os diversos perfis psicológicos dos seus alunos.
           
Importa ainda realçar que se espera mais responsabilidade e maturidade de um indivíduo quando este passa a frequentar a escola regularmente, a partir dos seis anos de idade aproximadamente. Isto porque a escola é um lugar onde existem regras e onde os padrões de comportamento são bem definidos.

 Mas estes não são os únicos momentos através dos quais a psicologia se manifesta. A psicologia está presente todos os dias, nas nossas atividades quotidianas. Muitas vezes fazemos uso dela sem saber, nas nossas convivências com outras pessoas ou quando nos questionamos sobre nós próprios.
           
Geralmente, lidamos bem com as adversidades do dia a dia, enfrentamos as dificuldades que vão surgindo e apreciamos os bons momentos. Mas nem sempre é fácil superar os obstáculos que a vida nos propõe. Existem muitas pessoas que simplesmente preferem esconder o seu sofrimento, e embora desejem conversar sobre a sua situação, não tomam essa iniciativa, pois pensam que ninguém será capaz de compreender os seus problemas. Porém, na minha opinião, esta atitude não é correta. Quando algo nos incomoda ou magoa e não encontramos recursos suficientes em nós próprios para entender e enfrentar essa situação, devemos procurar apoio psicológico. 

Um psicólogo é alguém capaz de nos ouvir e de nos ajudar a encontrar um ponto de equilíbrio entre as nossas emoções, pensamentos e comportamentos, para promover atitudes que tragam o bem-estar e a segurança de volta às nossas vidas. É alguém que nos ajuda a identificar e a refletir acerca dos nossos problemas e necessidades.
            
Afinal, parece-nos lógico que alguém com dificuldades visuais procure um oftalmologista, ou que alguém que tenha partido um dente procure um dentista. Porém, já não é assim tão óbvio que alguém com problemas psicológicos procure um psicólogo. Penso que existe um antigo preconceito de que a psicologia só trata de loucos, ou então de que todos os tratamentos são dispendiosos e longos.

Por isso, penso que procurar ajuda psicológica revela coragem e maturidade, pois no fundo significa encarar os nossos problemas, conversar acerca das coisas que nos fazem sofrer ou sentir infelizes, para aprender formas de lidar com essas mesmas dificuldades. É uma oportunidade de nos auto-conhecermos e um investimento na nossa qualidade de vida e no nosso crescimento pessoal.

Maria Oliveira

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Wolfgang Köhler

Psicólogo alemão, Wolfgang Köhler nasceu a 21 de Janeiro de 1887, em Tallinn, na Estónia, e foi um dos mais famosos teóricos da psicologia.
Estudou na Universidade de Berlim e deu aulas na Universidade de Frankfurt. De 1913 a 1920 dirigiu em Tenerife um departamento de pesquisa na Academia de Ciências Prussiana, efectuando experiências com chimpanzés na tentativa de perceber a forma como estes resolviam problemas, ou seja, tentando avalia-los em termos de aprendizagem e percepção.
Em 1921 Köhler tornou-se director do Instituto de Psicologia e foi professor de Filosofia na Universidade de Berlim, levando a cabo uma série de experiências que lhe permitiram explorar alguns aspectos da teoria da Gestalt.







O psicólogo Köhler realizou  varias experiencias que consiste em colocar um animal faminto numa jaula onde eram penduradas bananas que o animal não conseguia alcançar. O chimpanzé resolveu o problema quando puxa um caixote e o coloca sob a fruta a fim de alcança-la. Segundo Köhler, a solução encontrada pelo chimpanzé não é imediata e só ocorre quando o macaco tem uma visão global do campo e estabelece a relação entre o caixote e a fruta. Esta experiencia mostra que os animais, no caso do macaco, são capazes de perceber a realidade permitindo uma acção não planeada pela espécie. Portanto, não se trata de uma acção instintiva, de simples reflexo, mas de um ato de inteligência. Nos animais que agem de acordo com o instinto a acção é invariável de indivíduo para indivíduo, porém em animais dotados de inteligência as acções são flexíveis e capazes de se adaptar as necessidades momentâneas, tanto que um dos chimpanzés, Sultão o mais inteligente, foi capaz de encaixar um bambu em outro para alcançar a fruta.





                                                                                             Hugo Oliveira

Psicologia do Desporto de Alto Rendimento

A competição exerce uma influência decisiva sobre o comportamento emocional do ser humano. A tensão emocional oriunda das altas exigências psicofísicas dos estímulos do treino e da competição desportiva leva o indivíduo a apresentar comportamentos contrários à sua condição de atleta. A prontidão para a máxima performance deve ser uma das virtudes do atleta de alto rendimento, virtude esta que pode ser extremamente abalada diante de um quadro de stress psicológico.
O estado psicológico do atleta é um factor determinante para o seu máximo rendimento, pois toda a acção mecânica relaciona-se directamente ao estado emocional do indivíduo.
Essa relação entre movimento e estado emocional deve ser considerada para a otimização dos processos do treino desportivo. Assim, o sucesso no desporto dependerá não apenas da preparação dos aspectos físicos (força, velocidade, resistência, flexibilidade, coordenação), mas também dos aspectos mentais (concentração, auto-estima, motivação, ansiedade).


As influências desses aspectos não se dão separadamente, mas simultaneamente, pois consideramos que as reacções do organismo não ocorrem exclusivamente de maneira psicológica ou fisiológica, mas em resultado conjunto dessas duas partes, ou seja, psicofisiologicamente.


No desporto de alto rendimento, a preparação física, técnica e táctica dos atletas das diversas modalidades encontram-se num nível de desenvolvimento equivalente. O que faz a diferença entre o vencedor e o perdedor é o estado emocional do atleta ou da equipa diante das situações do confronto competitivo. Portanto, o estado psicológico óptimo é necessário para se poder reverter o treino para um desempenho vitorioso.

Hélder Araújo

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Esquizofrenia

A esquizofrenia é uma doença do cérebro causada pela alteração da estrutura básica dos processos de pensamento, afetando essencialmente a capacidade cognitiva. Em torno de 1% da população é afetada sendo igualmente homens e mulheres.    

Caraterizada por uma dissociação das funções psíquicas e pela perda de contacto com o mundo exterior a esquizofrenia resulta numa profunda mudança da personalidade, do pensamento, dos afectos e do sentido da própria individualidade. É uma perturbação grave que leva o doente a confundir a fantasia com a realidade e que geralmente conduz a modos de vida inadaptada e ao isolamento social.


Hoje sabe-se que a doença pode ter causas genéticas e que a probabilidade de um indivíduo vir a sofrer de esquizofrenia aumenta se houver um caso desta doença na família. Os factores cerebrais e biológicos podem estar relacionados com o eclodir da doença: alterações bioquímicas e estruturais do cérebro.
Além disso as teorias psicanalíticas, por exemplo, remetem para a fase oral do desenvolvimento psicológico em que a ausência de relações interpessoais saudáveis estaria na origem da esquizofrenia. Também os fatores sociais podem propiciar a doença: muitas pessoas passaram por períodos de depressão, stress ou conflitos antes de se tornarem esquizofrénicos. Este ambiente desfavorável pode desencadear os mecanismos de disfunção mental, caraterística da esquizofrenia.

A evolução da esquizofrenia pode ser caraterizada por dois estadios, súbito ou lento. No estadio súbito, a doença manifesta-se rapidamente e tem uma evolução em escassos dias ou semanas, enquanto no estadio lento o diagnóstico precoce é muito mais difícil.
No caso da evolução lenta, a esquizofrenia no grupo dos jovens adultos pode mesmo ser confundida com as chamadas crises de adolescência e por este motivo frequentemente desvalorizada.

Os sintomas esquizofrénicos podem ser positivos e negativos. Os sintomas positivos caraterizam-se pelos delírios como pensamentos irreais e delirantes, como, por exemplo, as ideias de ser perseguido ou vigiado. Este tipo de sintomas costumam aparecer na fase aguda da doença e são as perturbações mentais mais graves e mais anormais: alucinações; percepções irreais, como ouvir, ver, saborear, cheirar ou sentir algo irreal, sendo mais frequentes as alucinações auditivas e visuais; pensamento e discurso desorganizado; alterações do comportamento, ansiedade e também impulsos agressivos.
Os sintomas negativos reflectem-se na falta de motivação e afectividade, ausência de emoções e deficiência quanto ao discurso, ao pensamento e às relações interpessoais, como resultados da perda das capacidades mentais. O isolamento social a apatia ou a indiferença emocional são também possíveis manifestações de sintomas negativos.





O filme "Uma Mente Brilhante" mostra-nos a história de um homem que sofre de esquizofrenia, doença contra a qual lutou durante anos. Este nunca deixou de acreditar e suportou provas que muitos não seriam capazes de aguentar. É um exemplo para todos aqueles que sofrem desta doença. O filme ajuda-nos a compreender melhor o dia-a-dia de uma pessoa esquizofrénica e ajuda também acabar com o preconceito que o ser humano tem com estes doentes.

Ana Martins

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Quem é Wolfgang Köhler?



Wolfgang Köhler foi um dos principais teóricos da Psicologia de Gestalt. Este senhor nasceu na Estônia em 1887 e faleceu no ano de 1967. Quando tinha apenas cinco anos Köhler mudou-se para o norte da Alemanha. Estudou na universidade em Tübinger, Bonn e Berlim, e doutorou-se orientado por Stumpf, na Universidade de Berlin, em 1909.

Köhler estudou o comportamento animal durante sete anos e em 1920 escreveu o livro Static and Stacionary Physycak Gestalts, onde sugere que a teoria da Gestalt consistia numa lei geral da natureza que pode ser amplamente aplicada em todas as ciências. Tornou-se professor de psicologia da Universidade de Berlim em 1922, tendo sete anos mais tarde publicado Gestalt Psychology, uma descrição completa do movimento da Gestalt. Após estes anos deixou então a Alemanha no ano de 1935. Em 1956, recebeu o Prémio de Destaque pela Contribuição Científica da APA, órgão que, em 1959, elegeu-o seu presidente.


O gestaltismo de Köhler

Wolfgang Kohler defendia que o todo é diferente da soma das partes. Existem princípios que determinam e organizam a nossa percepção, ou seja o modo como estruturamos a realidade:

1- Um conjunto é mais que a soma das partes que o constituem
2- A forma é a melhor possível nas condições presentes (princípio da boa forma ou pregnância)

Estes princípios permitem-nos afirmar que os estímulos que formam uma boa figura têm tendência a serem agrupados.




E porque diz Köhler que o todo não é a soma das partes? Simples, na realidade estas organizam-se segundo determinadas leis. Os elementos constitutivos de uma figura são agrupados espontaneamente. Esta organização é, segundo o gestaltismo, essencialmente inata.

A organização da nossa percepção será estudada pelos gestaltistas que enunciam um conjunto de leis:

- Lei da proximidade – perante elementos diversos, temos tendência a agrupar aqueles que se encontram mais próximos.

- Lei da semelhança – perante elementos diversos, temos tendência a agrupar os seus elementos por semelhanças entre eles.

- Lei do fechamento – perante algo inacabado, temos tendência a acabar, a fechar a forma (boa forma).











Adriana Costa

Cérebro: As diferenças entre Homem e Mulher

Os homens e as mulheres são diferentes por natureza, é certo que todos temos essa noção. Todavia, para além das diferenças anatómicas externas e dos caracteres sexuais primários e secundários, existem também outras diferenças relativamente à forma como o cérebro feminino e masculino processam a informação, a linguagem, as emoções, o conhecimento, entre outras coisas. Talvez esta seja uma explicação para o facto de existirem mais homens cientistas, engenheiros mecânicos, matemáticos e arquitetos do que mulheres.

Vários estudos demonstram que as mulheres apresentam um desempenho superior em relações humanas e tendem a ser melhores ao nível da comunicação e da proteção. Têm maior aptidão para expressar emoções e para recordar detalhes de eventos emocionais.

Os homens, por sua vez, tendem para áreas relacionadas com a capacidade de independência e de dominação. Os seus neurónios estão mais concentrados em áreas que comandam o sexo e a agressividade. Enquanto que os homens têm força corporal para serem capazes de competir com outros homens, as mulheres utilizam a linguagem para obter vantagens sociais, através da persuasão e da argumentação.

No entanto, o cérebro masculino e o cérebro feminino apresentam também uma série de diferenças fisiológicas e, embora sejam anatomicamente semelhantes, são muito diferentes a nível funcional. O cérebro das mulheres é aproximadamente 10% menor do que o dos homens. Porém, possui um maior número de ligações entre as células nervosas. O lóbulo parietal inferior (uma área que envolve atividades matemáticas), é maior no cérebro dos homens, pelo que estes costumam ser melhores em funções matemáticas. Já as mulheres, são bem sucedidas em tarefas verbais.

A baixa produção da substância química serotonina pelo cérebro feminino faz com que as mulheres estejam mais sujeitas a sentir depressão. As mulheres são ainda mais emotivas e expressam mais facilmente os seus sentimentos, pois o seu sistema límbico é mais desenvolvido que o dos homens. Por fim, o cérebro masculino é programado para a compreensão, enquanto que o feminino é mais voltado para a empatia.
Ao tomarmos conhecimento de toda esta informação, a pergunta que surge muitas vezes é: Afinal, o que é que originou estas diferenças de género em função e estrutura? A Sociedade de Neurociência propõe a seguinte resposta: “Em épocas muito antigas, cada sexo tinha um papel muito específico que ajudaria a assegurar a sobrevivência da espécie. Os homens da caverna caçavam e as mulheres recolhiam comida e cuidavam das crianças. As áreas do cérebro podem ter sido desenvolvidas de modo a que cada sexo realizasse as suas respetivas tarefas.”

Por isso, apesar de todas estas diferenças, podemos concluir que o homem e a mulher se complementam. Como tal, penso que o conhecimento destas diferenças estruturais e funcionais é muito importante, na medida em que nos torna mais aptos para corrigir as nossas fraquezas e para aperfeiçoar as nossas habilidades e competências. Permite também uma maior compreensão das características que nos distinguem, tirando assim um melhor proveito dos nossos relacionamentos.

Penso que cada género tem as suas particularidades e isso não é necessariamente um aspeto negativo. É claro que nem todas as diferenças são absolutas, aliás, muitas delas variam de acordo com a personalidade de cada um. Mas haverá sempre diferenças, pelo que é fundamental saber reconhecê-las, não só para nos respeitarmos mutuamente, mas também para que nos conheçamos melhor a nós próprios.

Aqui está uma apresentação de Mark Gungor acerca das características do cérebro masculino e feminino. Esta apresentação, embora não seja cientificamente correta, joga de forma divertida e perspicaz com os estereótipos sócio-culturais dos nossos dias.


   
Maria Oliveira

Marionetas da sociedade?


O conceito de atitude é, vulgarmente, visto como um sinónimo de comportamento. No entanto, em psicologia social, o termo atitude tem um outro significado. Uma atitude é uma tendência para responder a um objeto social, de forma favorável ou desfavorável. Assim sendo, não é um comportamento, mas sim uma predisposição, permitindo-nos interpretar, organizar e processar informações.
Contudo, dependendo das circunstâncias em que nos encontramos, o nosso comportamento irá variar. Este facto é um processo natural e saudável, visto que existem diferentes regras e padrões de comportamento nas mais diversas situações. Ou seja, qualquer ser humano minimamente consciente do comportamento em sociedade, não irá agir de igual modo no seu ambiente familiar e no seu ambiente profissional. Faz tudo parte de um encadeamento que origina aquilo a que nós chamamos “normal”, “usual” – é um hábito comportamental.
É também do conhecimento geral, que todos nós somos fortemente influenciados pelos membros do grupo no qual estamos inseridos. Mas existe uma enorme diferença entre sermos influenciados (retendo ou assimilando apenas as informações e comportamentos que achamos benéficos, contribuindo assim para o nosso crescimento pessoal) e sermos manipulados (agindo de acordo com os que nos rodeiam, alterando o nosso modo de agir com o intuito de agradar os mesmos).
Por outras palavras, para que nos consigamos melhor relacionar e integrar na sociedade em que estamos será necessário tornarmo-nos verdadeiras “marionetas da sociedade”? No meu ponto de vista, a resposta a esta pergunta é definitivamente óbvia. Um redondo “não”. Em primeiro lugar, para que sejamos aceites e para que nos integremos numa qualquer sociedade não é, de todo, preciso seguir aquilo que os outros nos dizem para fazer e/ou dizer. Acima de tudo temos de nos aceitar a nós mesmos, agindo em conformidade com a nossa consciência (qualidade da mente que engloba a subjetividade, a autoconsciência, a capacidade de nos percebermos a nós mesmos e a nossa relação para com o ambiente), fazendo as opções que pensamos serem as mais corretas no momento em questão. Contribuir para um ambiente saudável em comunidade não é sinónimo de agradar, mas sim de discutir os assuntos pertinentemente e de forma democrática para assim demonstrarmos a nossa opinião, as nossas filosofias de vida. E, hoje em dia, mais do que nunca, precisamos de nos fazer ouvir. Precisamos de expor os nossos pensamentos provocar a mudança em prol do bem comum, sem esquecer que cada ser humano é único e insubstituível, executando-o então de forma a respeitar as outras opiniões e chegar a um consenso.

Cesarina Ferreira