sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

A Inteligência!


              A palavra inteligência vem do latim “intelligentia”, que por sua vez nasce do verbo “intelligere”, formado por “inter” = “tra” e “legere” = ler, captar, “sacar” e também “ligar”. Então, inteligência é a capacidade de ler entre as linhas e de ligar idéias não explicitamente relacionadas. A pessoa inteligente colhe os pensamentos, é capaz de raciocínios abstratos, sabe planejar e criar estratégias.
             É importante estabelecer logo uma diferença entre esperteza e inteligência. Usa-se muito o termo “esperto” para designar pessoas que encontram soluções e saídas de situações espinhosas, ou que sacam respostas com rapidez. A raíz de ambas as atitudes está na curiosidade inicial da vida, no espírito vivo que caracteriza tantas crianças pequenas. É do ser humano querer saber que encontram soluções para sua sobrevivência.
             Contudo, sem o mundo do conhecimento, das idéias amplas e das relações universais entre conceitos, esse espírito vivo e curioso se resume à astúcia de “salvar a pele”. Podemos definir o esperto como aquela pessoa que tem inteligência prática cuja referência é seu ego (como ganhar vantagem ou superar um obstáculo, proteger-se ou obter o que se quer). Na vida diária a esperteza é essencial para a sobrevivência, mas deixada a si só ela se transforma facilmente em “malandragem”.
              Inteligência também não é conhecimento, no sentido de saber muitas coisas. Para isso basta ter uma boa memória. Ir à faculdade não é sinônimo de inteligência. Escrever textos para fazer provas não necessita sequer de esperteza mas da determinação para passar o teste. Não é lendo livros que se adquire inteligência, apesar de ser importante não é suficiente.
Nascemos todos com um belo corpo, esbelto a saudável, pronto para o uso. Se, ao invés de exercitá-lo o deixamos mofando na frente de uma TV ou jogando joguinhos tolos, aquela agradável forma inicial vai se deformando, e logo temos as crianças obesas, preguiçosas e malandras que facilmente se vê por aí. Com a inteligência acontece o mesmo. O potencial está lá, bonito e lustro, precisa ser exercitado, treinado e aprimorado para obtermos aquela maravilhosa capacidade de elevar-se acima da gravidade do dia-a-dia e construir pensamentos universais, tão elegantes quanto significativos. As piroetas e acrobacias que vemos uma habilidosa ginasta executar são fruto de anos de treinamento feito com dedicação e seriedade. O mesmo vale para a inteligência.

              O exercício para fortalecer a inteligência é o estudo crítico e o pensamento reflexivo. Por estudo crítico entendo aquela forma de estudar que não se limita a absorver informações mas que as religa, elabora, repensa, aprofunda e questiona. Pensamento reflexivo corresponde à capacidade de pensar o próprio pensado, isto é de questionar o pensamento e refletir sobre ele sem tomar por óbvio o que vem. O pensamento reflexivo é dialético e questionador, mas não por espírito de revolta e por estar animado pela vontade de saber, de enteder “de verdade”. A inteligência necessita de muita e variada leitura, de espírito crítico e investigador, de amor pelo conhecimento, de prazer pelo pensar e comprender, e de honestidade intelectual a qual permite perceber o preconceito e desconstrui-lo (pois até do preconceito é possível obter interessante conhecimento). Cada novo texto ou nova situação de vida coloca a pessoa inteligente à frente de onde estava antes.
             Inteligência é creativa, de tudo sabe extrair novo conhecimento, ela não olha para nada com desdém, e com isto espero ter ajudado melhor a esclarecer qualquer duvida relativamente a este assunto.
Ricardo Gonçalves

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