quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

"Eros" uma vez...

As relações íntimas são um tipo particular de interação social que apresenta características próprias. Se pensarmos acerca das relações que estabelecemos com os outros, é possível reconhecer que existem diferentes níveis de intimidade. Ora, a expressão de intimidade mais significativa e mais estudada é talvez o amor. O psicólogo norte-americano Robert Sternberg formulou um modelo segundo o qual o amor englobaria três dimensões ou três componentes distintas: intimidade, paixão e compromisso. A intimidade corresponde a sentimentos que visam a proximidade emocional, a compreensão, a confiança mútua e a partilha. É por isso uma componente emocional. A paixão, por sua vez, baseia-se no desejo sexual, na vontade de estar com o outro, pelo que é uma componente motivacional. O compromisso consiste na intenção de comprometimento em manter uma relação amorosa, pelo que assume um caráter cognitivo. 

Os investigadores tentaram identificar as características que estabelecem a diferença entre amar e gostar, o amor romântico e o amor companheiro. A partir das suas pesquisas, puderam concluir que o amor não é apenas gostar em maior quantidade, mas sim um estado psicológico qualitativamente diferente. Ou seja, o amor romântico, contrariamente ao amor companheiro, inclui elementos de paixão, proximidade, fascinação, exclusividade, desejo sexual e uma constante preocupação. Quando amamos alguém, idealizamos o nosso parceiro, exagerando as suas qualidades e minimizando os seus defeitos. É um estado de envolvimento muito intenso com outra pessoa, no qual existe uma excitação fisiológica. 

O amor companheiro corresponde ao afeto que sentimos por um conjunto de pessoas com quem temos relações fortes, como por exemplo a família e os amigos e outras pessoas que nos são muito próximas. Este amor é marcado por uma amizade muito íntima, cuidado, ternura e respeito. Como seria de esperar, o amor apaixonado é objeto da maior curiosidade e interesse por parte dos psicólogos. E uma questão que geralmente se coloca é a seguinte: “Será que o amor romântico é um sentimento universal, presente em todas as culturas humanas?”. Segundo a antropóloga Helen Fischer, o amor romântico é de facto universal. Afirma ter chegado a esta conclusão após ter reunido, juntamente com outros investigadores, provas evidentes da sua presença em mais de 150 sociedades diferentes. Por exemplo, é possível ler poemas de amor da civilização suméria que evocam exatamente os mesmos sentimentos românticos dos poetas dos nossos dias. 

Em todo o mundo existem canções, poemas, esculturas, pinturas, romances, mitos, lendas relacionados com o amor. Isto significa que o amor se manifesta de diferentes formas, em diferentes sociedades e em épocas históricas distintas. Apesar de todos estes dados, importantes para o conhecimento do amor, qualquer definição que nos seja apresentada não nos satisfaz totalmente. Porém, é esse mesmo mistério que torna a definição do amor tão subjectiva e controversa e que confere uma certa magia em torno desse elemento fundamental na vida de qualquer indivíduo.

Maria Oliveira
Eros - Segundo a mitologia grega, era o deus do amor.

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