segunda-feira, 5 de março de 2012

Loucos por compras!

A compra compulsiva – também conhecida como oniomania – é um distúrbio psicológico no qual o mecanismo da dependência não resulta de uma substância, mas da forma compulsiva de realizar um comportamento: a compra.
Para além de se refletir a nível comportamental, esta dependência acaba por provocar a absorção total da pessoa, na medida em que se vai esquecendo da vida social e familiar, assim como do trabalho e dos seus outros interesses.

Mesmo que estas pessoas tenham consciência das suas possíveis perdas, não conseguem deixar de procurar o objeto da sua dependência: o ato de comprar. A compra compulsiva reúne algumas características das dependências de substâncias, nomeadamente a necessidade de ir aumentando o tempo e o dinheiro gasto em compras (à semelhança de aumentar a dose das tomas).

Confessions of a Shopaholic Scene
Também se verifica a incapacidade de controlar o impulso que ativa o comportamento e que, no caso das compras, se apresenta como uma compulsividade com o objetivo de atenuar um determinado sentimento desagradável. Quando o comprador compulsivo é impedido de realizar as suas compras, essa privação é sentida com um profundo mau-estar.
Por outro lado, quando efetua uma compra, esta ação é vivida com uma sensação de recompensa psicológica, proporcionando uma sensação de prazer ou de diminuição de tensão. Ora, estas circunstâncias funcionam como um reforço para que ocorram sucessivas repetições da experiência.
Vários estudos realizados evidenciam o facto de este distúrbio se manifestar maioritariamente em mulheres jovens, entre os 30 e os 40 anos.

Contudo, nos últimos anos foi detetado um aumento significativo desta dependência nos homens. Pensa-se que a explicação para estes resultados reside no facto de nas sociedades industriais as compras serem uma tarefa particularmente feminina.

Uma outra pesquisa realizada numa faculdade de medicina abordou os sintomas apontados pelos compradores compulsivos, defendendo o desenvolvimento de novos tratamentos dirigidos especificamente aos portadores do distúrbio. A partir de questionários feitos aos pacientes, a pesquisa verificou que a principal característica do ato de comprar compulsivamente se baseava numa falha em resistir ao impulso de comprar, o que pode gerar problemas financeiros e familiares. "O paciente apresenta uma deficiência no planeamento das suas ações e impulso de aquisição excessiva", afirma Tatiana Zambrano Filomensky, coordenadora da pesquisa. "Desta forma, o comprador compulsivo não pensa nas consequências dos seus atos a longo prazo, tendo em conta apenas a satisfação do momento de comprar". 

Em termos de tratamento, pensa-se que a melhor solução será uma junção do acompanhamento farmacológico e do acompanhamento psicoterapêutico (sobretudo a intervenção cognitivo-comportamental). Os compradores compulsivos podem também procurar implementar novos hábitos que conduzam à eliminação de sintomas e desenvolver estratégias mais profundas, que suportem a verdadeira causa do problema e que promovam o reforço da autoestima.

Maria Oliveira

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