terça-feira, 29 de novembro de 2011

Surreal! – A crónica dos arquitetos dos sonhos

O Surrealismo foi um movimento artístico que teve origem em França, nos anos vinte. Este movimento teve vertentes na pintura, escultura, literatura, teatro e cinema e foi influenciado de forma significativa pelas teorias psicanalíticas de Sigmund Freud, que por sua vez, demonstram a importância do inconsciente no que diz respeito à criatividade do ser humano. Alguns dos seus representantes mais importantes são, na literatura, André Breton, considerado pai da tendência e autor do Manifesto Surrealista e, na pintura, Salvador Dalí.

Este estilo apresenta um conjunto de características do abstrato, do inconsciente e do irreal, que se relacionam entre si. De acordo com os surrealistas, e tal como Freud pensava, a mente humana deve transpor as exigências impostas pela lógica e pela razão. Defendem também que a atividade artística deve ir para além da consciência do dia-a-dia, ultrapassando os padrões comportamentais e morais estabelecidos pela sociedade, para expressar o mundo do inconsciente e dos sonhos. Portanto, os artistas ligados ao surrealismo rejeitavam os valores ditados pela burguesia na época, tais como a família e a pátria. Criavam então obras repletas de humor, fantasia e contralógica.

O Surrealismo salienta ainda os impulsos provenientes das regiões menos exploradas da mente humana, pelo que os seus temas advêm normalmente do inconsciente: os sonhos, a loucura, as alucinações, as alterações de humor e os delírios. Manifesta-se através de temas simbólicos, incomunicáveis e pessoais e admite que o mundo irreal é tão verdadeiro quanto o mundo real. 

O homem, segundo André Breton, “esse sonhador definitivo”, quis assim provocar a revolução na arte no mundo enfraquecido pela primeira guerra mundial. Quis conhecer uma realidade que não fosse a exterior, igualmente lógica, e entregou-se ao pensamento livre, espontâneo e irracional, sem preocupações de ordem estética ou moral. Assim, vasculhou na alma o mundo dos sonhos e deixou que estes fossem a sua temática delirante. 

Hoje sabemos que Freud refutava a ideia de que o seu objeto de estudo fosse o mesmo que o objeto de desejo dos surrealistas, o inconsciente, uma vez que o psicanalista acreditava que o automatismo psíquico na arte era consciente. 

No entanto, Freud com a invenção da psicanálise e os surrealistas com a invenção de uma forma de expressão justa para com a imaginação e grandeza do ser que não é palpável, propuseram um ponto de partida à descoberta da mais pura infância da mente, aquela de onde crescemos apenas para nos começarmos a conhecer.

Maria Oliveira

3 comentários:

  1. Muito bom, super cativante, acho as imagens muito boas, muito bem elaborado, bom trabalho, continua assim,

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  2. O teu artigo está, como sempre, muito bem escrito e estruturado. Trata-se de um texto informativo e ao mesmo tempo consegues expor matéria dada na aula.
    Fiquei também a saber a origem do Surrealismo.
    Bom trabalho!

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  3. Quero também fazer uma referência às imagens, que tal como em todos os teus artigos, é de notar uma grande preocupação em escolhê-las, e de facto consegues e comprovas mais uma vez neste artigo. Continua assim...

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