quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Escola De(mente) - Não faltes!

Um estudo realizado nos Estados Unidos e publicado na revista “Child Development” evidenciou que jovens com níveis elevados de absentismo escolar estão mais sujeitos ao desenvolvimento de sintomas relacionados com transtornos mentais do que aqueles que frequentam a escola regularmente. O estudo envolveu cerca de 17 mil jovens e concluiu que quanto maior for o número de dias de aula perdidos, maiores serão as hipóteses de surgirem problemas a nível psicológico. Verificou ainda que os alunos que apresentavam maiores índices de falta ao longo de um ano letivo, tiveram tendência a sentir depressão, ansiedade e manifestaram comportamento anti-social.

Em crianças e adolescentes, a depressão expressa-se de forma diferente relativamente às pessoas de idade adulta. Os adultos tendem a queixar-se de sentimentos constantes de tristeza ou falta de esperança. As crianças, por sua vez, apresentam estados de irritabilidade, comportamentos provocativos e alterações súbitas de humor. Na adolescência, os sintomas de depressão podem facilmente passar despercebidos. Aliás, muitas crianças e adolescentes não chegam a tomar conhecimento de que estão deprimidos, pois não conversam sobre aquilo que sentem. 

Por estes motivos, é muito importante que tanto os pais como os professores possuam conhecimentos que lhes permitam apurar os casos em que se considera necessário encaminhamento psicológico. Para além disso, identificar corretamente crianças e adolescentes que merecem especial atenção psicológica é igualmente relevante, na medida em que existem muitos jovens que apresentam problemas comportamentais significativos e que desconhecem a necessidade de ajuda psicológica. Como tal, penso que os pais e os professores deveriam receber orientações no sentido de poderem compreender e prevenir comportamentos desajustados. Essa instrução poderia ser realizada por psicólogos ou profissionais da área da saúde mental em escolas ou em centros especializados, por exemplo.

Pelo anterior referido, sublinho a importância da duplicidade da palavra saúde. A saúde física é apenas aparente quando contrastada pela saúde psíquica. Os pais, alunos, professores e familiares devem contribuir para uma esfera social que se manifeste num equilíbrio de experiências positivas para o jovem. Como seres humanos aspiramos à inclusão no mundo que nos envolve, à suavização das nossas diferenças. A escola deve ser por isso um dos meios em que tal acontece, seja porque os outros valorizam o que há de especial em nós, seja porque nos alivia conhecer o outro, que sofre pelas mesmas coisas ou que trabalha para realizar o mesmo sonho. E é aqui que reside o papel vital da escola, na contribuição que representa para o nosso desenvolvimento cognitivo enquanto alunos da vida. As instituições de ensino ajudam-nos assim não só a saber mais acerca do mundo, como a integrar-nos melhor nele. 

Maria Oliveira

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