terça-feira, 31 de janeiro de 2012

O segredo das cores

A cor é uma perceção visual originada pela ação de um feixe de fotões sobre células especializadas da retina, que transmitem impressões para o sistema nervoso, através da informação pré-processada no nervo ótico. No entanto, as cores não são vistas da mesma forma por todas as pessoas. Aliás, as cores são observadas e interpretadas de forma diferente por cada um de nós e muitos psicólogos acreditam que é aqui que reside a explicação pela qual temos preferência por determinadas tonalidades. Esta escolha pode estar baseada na nossa personalidade ou em desejos mais profundos e inconscientes.

É importante realçar que todas as cores têm propriedades diferentes segundo a cultura que as considera. Cada cor possui uma característica e uma certa influência sobre os indivíduos. As nossas emoções são muitas vezes estimuladas pela cor, que pode ter uma conotação negativa ou positiva, de acordo com a experiência que lhe associamos. Como tal, as cores podem ter um efeito calmante e tranquilizante ou, pelo contrário, um efeito estimulante. Para além disto, a cultura na qual estamos inseridos acaba por estabelecer determinadas atitudes psicológicas que orientam, embora inconscientemente, as nossas inclinações e tendências individuais.

Muitos significados relacionados com a cor estão integrados na cultura dos diferentes povos, pelo que influenciam as sensações visuais que definem os estados emocionais ou situações vividas por um indivíduo e existem evidências científicas que mostram que a luz transmitida pelas cores pode realmente afetar as nossas emoções. 
Por exemplo, na psicologia publicitária, os psicólogos procuram utilizar as cores para tornarem um produto mais apelativo. De acordo com vários estudos, existe uma relação entre a idade de uma pessoa e preferência que esta manifesta relativamente a uma dada cor. 

Estes estudos concluíram ainda que os adultos preferiam cores mais escuras, tais como o verde ou o azul e as crianças preferiam cores vibrantes, tais como o amarelo e o vermelho. Este estudo é então muito útil para a psicologia da publicidade, na medida em que permite a criação de publicidade da comunicação visual baseada num público-alvo.

Em suma, o ser humano reage de formas muito diversas face às cores que o rodeiam e todos os psicólogos concordam que esta reação depende dos significados que atribuímos às cores, que por sua vez são baseados nas experiências de cada indivíduo, inserido numa determinada sociedade e cultura.

Maria Oliveira

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Brainstorm


A nossa mente, mais especificamente o nosso cérebro contém muitas particularidades. E apesar de estarmos a progredir no sentido positivo de as desvendar, ainda nos falta percorrer um longo caminho até conseguirmos entender na totalidade as atividades desta máquina perfeita que comanda todas as funções vitais do corpo humano. Sendo então o cérebro o nosso principal órgão (sem querer retirar importância a todos os outros, como é óbvio), a sua complexidade despertou desde cedo o interesse de muitos cientistas que realizaram inúmeros testes em prol da melhor compreensão do mesmo.

Contudo, como o estudo deste elemento do nosso corpo é tão atraente e intrigante, apelou até à atenção de um mundialmente famoso publicitário – Alex Osborn. Proveniente dos Estados Unidos e também o autor de uma importante técnica de criatividade denominada brainstorming.
Mas o que é então isto de “Brainstorm”? É um termo oriundo da língua inglesa e pode ser traduzido como “tempestade de ideias”. Basicamente, é uma técnica que atualmente é utilizada por muitos profissionais e consiste numa exploração de ideias, visando a obtenção das melhores soluções (para uma qualquer situação mais ou menos pertinente e/ou relevante) a partir de um grupo de pessoas. Ou seja, esta técnica reside num espécie de “chuva de palpites” que pode favorecer ou não o surgimento de ideias novas que ajudem a resolver dilemas do dia-a-dia em sociedade.

 Uma particularidade interessante deste processo é o facto de ser obrigatória a ausência de julgamentos ou de autocríticas. O que significa que todas as ideias são aceites mesmo que aparentemente absurdas. O objetivo é, então incentivar o grupo a libertar todo o seu conhecimento e criatividade, sem barreiras ou restrições. Este facto vai desenvolver a espontaneidade de cada um possibilitando assim um maior leque de soluções ou respostas em relação a uma determinada circunstância.
Com este método, para além de (quase sempre) se alcançar ideias de qualidade (tendo em conta, é claro, as características do grupo escolhido para realizar a atividade), há também a vantagem do mérito ser distribuído, visto que é o resultado de um trabalho em equipa.
Esta técnica foi então elaborada, pela primeira vez por Alex Osborn com a propósito de conseguir obter boas estratégias publicitárias. No entanto, este senhor não se apercebeu que ao desenvolver esta técnica, estava também a estudar aspetos interessantes da mente humana.  Com a obrigatoriedade da ausência de de julgamentos e autocríticas, os indivíduos do grupo dizem, quase que inconscientemente, tudo aquilo que lhes pareça relevante mesmo que completamente inesperado (e por isso mesmo, muitas vezes, inovador). Facto que demonstra que o ser humano, inúmeras vezes, se retrai, inibindo (ou recalcando) assim as ideias que à partida lhe parecem inúteis e completamente descabidas.
Cesarina Ferreira

O Neurónio

O neurónio é a célula do sistema nervoso responsável pela condução do impulso nervoso na qual está localizada no cérebro. É a estrutura básica do sistema nervoso, comum à maioria dos vertebrados , é a mesma da totalidade dos mamíferos. O cérebro humano possui entre 10 mil milhões a 100 mil milhões de neurónios que vão cooperando entre si interagindo uns com os outros , pois cada neurónio do cérebro humano está ligado a centenas ou milhares de outros neurónios. Assim , estima-se que existe 1 bilião a 1000 biliões de conexões entre os neurónios . Este número é muito inferior ao número estimado para que o conexionismo no cérebro seja total .

O neurónio é constituído por uma célula principal (cell body), por dendrites, por um axónio e na sua extremidade existem estruturas designadas por sinapses.
As dendrites têm como função fazer o processamento e integrar as correntes sendo o resultado da computação propagado ao longo do axónio até às sinapses, em que as correntes de saída são as correntes de entrada de outros neurónios. As sinapses fazem com que a célula influencie a actividade das outras células.
Existe a crença por parte dos cientistas de que a eficiência das sinapses pode variar e estas eficiências são a chave do entendimento da natureza da computação neuronal.
Nos mamíferos o sistema nervoso é protegido por um crânio e por uma coluna vertebral . Para que o tecido nervoso não venha a ser danificado quando em contacto com o osso existe entre eles um fluído cerebrospinal que faz com que o sistema cerebral se encontre em suspensão hidráulica.
O sistema nervoso vai consumir 25% de energia do seu corpo, devido à electroquímica dos neurónios. Este elevado metabolismo faz com que os tecidos metabolicamente activos sejam sensíveis a venenos e a falhas de combustivel. Para que isto não aconteça o cérebro é regulado através de uma barreira sangue-cérebro que é um mecanismo de filtragem , desempenhado principalmente pela glia , que permite a passagem de um espectro estreito de moléculas.

Os neurónios dos mamíferos têm a particularidade de pouco após o seu nascimento, não se dividirem mais. Não existe a substituição de neurónios logo após a sua morte. Alguns sistemas neuronais têm a particularidade de existir uma competição para estabelecer conexões entre neurónios e, se os contactos funcionais não forem apropriados, a célula morre.

Rui Leitão

Ser dorminhoco não é ser oco!

Um artigo publicado no “Journal of Experimental Psychology” despertou a curiosidade de centenas de leitores com a questão “Será possível aprender enquanto dormimos?”. Segundo os investigadores da Universidade do Estado do Michigan, nos Estados Unidos, é de facto possível. Estes cientistas defendem que isso acontece devido à existência de uma nova forma de memória inconsciente, da qual foram detetados os primeiros sinais. 

O artigo realçava as evidências referidas por um estudo que analisou o sono de cerca de 250 pessoas. Sabe-se que o sono é um estado de consciência complementar ao estado desperto, no qual há um repouso periódico caracterizado pela suspensão temporária da atividade percetivo-sensorial e motora voluntária. 
O Sono - Salvador Dalí
É possível dividir o sono em duas fases principais: a fase “non rapid eye movement” (NREM) e a fase “rapid eye movement” (REM). A fase NREM ocupa cerca de 75% do tempo de sono é essencialmente um período de conservação e de recuperação da energia física do indivíduo.

A fase REM caracteriza-se por uma atividade cerebral intensa, semelhante à do estado de vigília e é essencial para o nosso bem-estar físico e psicológico. É também nesta etapa do sono que ocorrem os sonhos que envolvem situações emocionalmente fortes. 

Ora, o estudo em questão concluiu que durante o sono, o cérebro processa informações sem o conhecimento do indivíduo, o que por sua vez pode contribuir para a memória enquanto estamos acordados. Esta habilidade pode ser considerada uma nova forma de memória, que reforça a aprendizagem sem qualquer ação consciente da pessoa. 

No entanto, os pesquisadores alertaram para o facto de que a aprendizagem ocorre de forma diferente de pessoa para pessoa. Como tal, embora algumas pessoas possam aprender enquanto dormem, para outros este processo é mais eficiente durante a vigília. Ainda assim, a melhoria da memória foi observada na maioria das pessoas que participaram na experiência.

Por estes motivos, os investigadores reforçaram ainda a importância de uma boa noite de sono, pois trata-se de um período de repouso, tanto para o corpo como para a mente, que resulta geralmente numa sensação de energia física, psíquica e intelectual restabelecida.
Maria Oliveira

Sistema Nervoso Central (SNC)

É importante notar que a divisão que é feita de sistema nervoso em sistema nervoso central e periférico é basicamente funcional, sendo conveniente para fins didáticos. O SNC é formado pelo encéfalo, alojado na caixa craniana e pela espinal-medula. As propriedades especiais da parte central do sistema nervoso residem em complexas interconexões de neurónios, nas quais surgem os padrões paropriados de respostas aos estímulos provenientes do meio externo e interno. Geralmente, encéfalo é confundido com cérebro e ambos os termos são usados igualmente. Na verdade, o encéfalo é formado pelo cérebro, cerebelo e bulbo raquidiano.

A espinal-medula possui uma região central da massa cinzenta, que recebe e processa a informação sensitiva enviado-a depois para os músculos, região essa rodeada de substância branca que contem axónios counicantes com o cérebro e com a espinal-medula. Actua como uma espécie de intermediário entre o SNP  e o SNC e possui muitas fibras nervosas dispostas em conjuntos, que controlam os músculos e os órgãos internos. Recebe, através dos nervos sensitivos, informação sobre a temperatura, dor, tato, tensão muscular e posição das articulações, podendo esta ser transportada até ao cérebro, pela substância branca, de forma a estimular conscientemente a informação ou então essa informação depois de entrar na medula pode ser utilizada para controlar a tensão muscular ou estimular respostas reflexas.
As resposta reflexas são atos involuntários, imediatos, produzidos de forma inconsciente. Por exemplo, quando tocamos em algum objecto quente retiramos automaticamente a mão num ato reflexo e quando focamos uma luz brilhante imediatamente pestanejamos de forma a proteger o olho. Na produção de um reflexo quatro ações são desencadeadas: a recepção, condução, transmissão e resposta. O sistema nervoso central intervém em todas elas.


Luís Lopes

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O cérebro e a psicologia...

O cérebro do ser humano é diferente de todos os outros devido a muitos factores, e são precisamente esses factores que nos levam a ser a espécie dominante, pelo menos a nível de cultura porque a muitos outros níveis somos meros aprendizes comparados com os outros animais. Como sabemos quando nós, seres humanos, nascemos o nosso cérebro não está completamente desenvolvido, isto deve-se ao facto de este desenvolver-se de uma forma lenta e assim, possuirmos um cérebro imaturo e inacabado. O ser humano é um ser prematuro, no sentido em que não apresenta as suas capacidades, competências desenvolvidas, esta prematuridade e esta imaturidade explica por que razão o período da infância é tão longo.
Nós somos seres biologicamente inacabados (atraso no desenvolvimento, fazendo com o indivíduo se desenvolva mais devagar) e quando nascemos os neurónios (células nervosas) vão-se dividindo, formando inúmeras ligações neuronais – cortilização. Nos primeiros meses de vida, a estrutura do córtex modifica-se, devido ao aumento de redes neuronais – multiplicação. 
Mas como somos seres que possuímos um cérebro auto-organizado, essas redes neuronais vão sofrendo um processo de selecção (boas conexões). O processo de selecção das redes neuronais está relacionado com o potencial genético característico da espécie que disponibiliza o desenvolvimento cerebral num dado sentido. Para além do factor aleatório na formação das redes neuronais estas dependem de factores epigenéticos que decorrem da relação com o meio e que reflectem a história de cada indivíduo. Depois do nascimento, as experiências do sujeito cristalizam-se sob a forma de ligações sinápticas entre neurónios. É o que se designa por epigénese. Existe, por isso, um processo de moldagem que se mantém ao longo da vida. Após o nascimento, o papel do meio é crucial no desenvolvimento do indivíduo – O cérebro recebo estímulos do meio que actuam de forma concertada no desenvolvimento cerebral, e é a sua função garantir a nossa sobrevivência – processo auto-organizado.
A nossa prematuridade explica a ausência de uma programação biológica tão rígida como a que existe noutros animais. Inacabado, biologicamente desamparado, prematuro, está aberto a múltiplas potencialidades. A nossa natureza biológica torna mais flexível o processo de adaptação ao meio. Há uma grande diferença entre os seres vivos totalmente programados e outros animais que são parcialmente programados. No ser humano, essa programação é a menos significativa, por comparação com os outros seres vivos – o programa genético é aberto e é essa diferença que nos distingue como seres humanos. Os animais apresentam esquemas de comportamento especializados que os dotam de capacidades altamente eficazes de adaptação do meio. Por exemplo, os leões têm garras que lhes permitem caçar e rasgar as suas presas. Contudo, estas especializações determinam limitações pois funcionam apenas nos nichos ecológicos onde os animais estão inseridos. As garras de um leão não o permitem abrir uma porta. Para além destas funções para que estão programados, estas capacidades de pouco servem quando as circunstâncias se alterem.



É, por isso que esta nossa “imperfeição”, o nosso inacabamento permitem que nos adaptemos às mudanças, às situações imprevistas. Estas limitações anatómicas compensam, pois permitem-nos inventar, imaginar, criar soluções para a possibilidade de adaptação a circunstâncias novas e, por isso, desafiadoras.
Outra vantagem, que nos torna a espécie dominante é podermos afirmar e definir individuação pelo processo de singularidade e autonomia que nos individualiza de todos os outros, o que nos torna únicos e irrepetíveis. Este processo permite a cada ser humano escapar à padronização da hereditariedade específica, ou seja, de todas as características comuns da espécie humana. Contudo, a individuação não depende apenas das definições do património genético, mas também da nossa história social, isto é, das experiências pessoais vividas. A individuação resulta do culminar entre a interacção da hereditariedade individual (conjunto de características herdadas por um individuo que o distingue de todos os membros que integram na sua espécie humana), com a socialização que ocorre em toda a vida (o meio, e o grupo social incute neste determinados valores, influencia-o a determinadas atitudes e comportamentos que de certa forma o tornam diferentes de todos os outros, no entanto cada individuo interpreta aquilo que aprende e interpreta esses valores de forma diferente).
Somos a espécie dominante do planeta pois conseguimos arranjar, inventar, criar maneiras para o sermos, uma vez que somos seres sociais que pensamos. Muitas cabeças pensam melhor do que uma, ou seja, muitos cérebros pensam melhor do que um.
Ricardo Gonçalves

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Terá o ser humano limites?

Comer bebés, comer criancinhas... Isso é algo que certa gente tenta incutir na mente dos seus imberbes para aterrorizar e demonizar determinada cultura ou ideologia, criar preconceito acerca das mesmas.
Respondendo um pouco ao título do tópico, o limite é inexistente. Todos nós temos ou fazemos uma vaga ou clara ideia dos nossos pontos de não retorno, isto é, os nossos limites morais. Mas todos nós também já nos deparamos com pensamentos do tipo: eu era capaz de matar a sangue frio e sem qualquer tipo de remorso tal tipo: eu era capaz de subir ao ponto mais alto e mandar-me precipício abaixo: eu era capaz de rebentar com o mundo inteiro, ficar só eu e mais uns quantos ou não ficar cá absolutamente nada: eu era capaz de matar alguém da minha família para herdar tal fortuna; eu era capaz de roubar e matar para roubar; etc...

A lógica de tal intelecto é inexistente. Tentar procurar uma causa para a imoralidade de tais actos ou pensamentos é tempo perdido. A moral só pode ser procurada dentro de um evento cultural, quer dizer, no preconceito das mentalidades que formam determinadas culturas. Poderia acrescentar-se lá em cima: eu era capaz de destruir tal sujeito for no good reason, nao vou com a cara dele/dela, possui qualquer característica irritante (riso, tom,etc)....

Esses ódios aparentemente irracionais aparecem sobretudo em pessoas desproporcionadas, isto é, uma pessoa que faça o elogio da beleza, do que é belo, e que insira nesse discurso o que é perfeito, arrisca-se a criar inconscientemente uma análise sub-reptícia de si mesmo por comparação --- a confusão do que é belo, ou bom, símbolos de momentos de prazer, inspiração, aceitação, catarse, comunhão, a confusão dessas marcas simbólicas passageiras com a identificação do que é ou deve ser perfeito, e por perfeito entender-se o que é ou deve ser eterno, imortal... essa confusão causa danos e erros não pequenos... ódio, raiva sobre o que é e não é, sobre o que é e não deve ser... Equívocos que nem sempre passam a bem, ou melhor, a tempo de realizar o mal...

Hélder Araújo

O cérebro humano

O cérebro é o principal órgão e centro do sistema nervoso em todos os animais vertebrados, e em muitos invertebrados. Alguns animais primitivos como os celenterados e equinodermes como a estrela-do-mar possuem um sistemas nervoso descentralizado sem cérebro, enquanto as esponjas não possuem sistema nervoso. Nos vertebrados o cérebro localiza-se na cabeça protegido pelo crânio, próximo aos aparatos sensoriais primários: visão, audição, equilíbrio, paladar, e olfato.Os cérebros podem ser extremamente complexos. O cérebro humano contém cerca de 100 biliões de neurónios, ligados por mais de 10.000 conexões sinápticas cada. Esses neurónios comunicam por meio de fibras protoplasmáticas chamadas axónio, que conduzem impulsos em sinais chamados potencial de ação para partes distantes do cérebro e do corpo e as encaminham para serem recebidas por células específicas.Apesar do rápido avanço científico, muito do funcionamento do cérebro continua um mistério. As operações individuais de neurónios e sinapses hoje são compreendidas com um detalhe considerável, mas o modo como eles cooperam em grupos de milhares ou milhões tem sido difícil de decifrar.

Hugo Oliveira

Controlo Mental

Controle mental é um termo genérico para diversas teorias controversas que propõem que o pensamento de um indivíduo, bem como seu comportamento, emoções e decisões a ser feitas, possam estar sujeitos à manipulação arbitrária de fontes externas. Também é conhecido como lavagem cerebral (do inglês brainwashing).

A possibilidade desse controle e os métodos para assumi-lo (de forma direta ou subtil) são temas para discussões entre psicológos, neurocientistas e sociológos. A definição exata de controle mental e a extensão de sua influência sobre o individuo também são debatidos.

Os diferentes pontos de vista sobre o assunto possuem implicações legais. Controle mental foi o tema do caso judicial de Patty Hearst e de vários julgamentos envolvendo novos movimentos religiosos. Questões sobre controle mental são levantadas em debates éticos relacionados ao assunto de livre arbítrio.
A questão de controle mental já foi discutida em conjunto com religião, política, prisioneiros de guerra, totalitarismo, manipulação de células neurais, cultos, terrorismo, tortura ealienação paternal.
Enquanto o controle mental continua sendo um assunto controverso, a principal possiblidade de suas influências sobre um indívido por métodos como publicidade, manipulação da mídia, propaganda, dinâmicas de grupo e pressão pública são bem pesquisados pela psicologia social e hoje são indisputados.
Manipulação eletromagnética de neurônios, desde que foi descoberto que células neurais podem ser queimadas sob o estabelecimento de uma voltagem potêncial ao redor da membrana da célula, por volta da década de 1930, foi sugerida como uma tecnologia empregada como hipnose em vitímas insuspeitas por agentes do governo americano. Esse tipo de hipnose era empregado durante o sono da pessoa, quando ela desconhece totalmente o que está havendo. O fato da vitíma estar inconsciente disto (e, portanto, incapaz de impedir o que está sendo feito) faz deste o único método aonde hipnose é considerada controle mental propriamente dito.

A crença de que alguém esteja sendo manipulado ou controlado por forças externas também é reconhecida como um dos principais sintomas do complexo de paranóia, entre outraspsicoses. Geralmente, essas sensações são de invasão ou controle total por entidades diversas como satélites governamentais em órbita, agentes do governo, aparelhos de televisão, animais, alienígenas, ou anjos e demônios. Os que sofrem desse tipo de complexo podem chegar à extremos mesmo com uma total falta de evidências sobre o que poderia estar controlando-as. Terapia psiquiátrica com medicação anti-psicose muitas vezes pode dar fim à paranóia ou pelo menos minimiza-la. Em alguns casos, no entanto, especialmente em casos de internação, a pessoa pode ver o tratamento como outra forma de controle mental. A crença de uma pessoa de estar sob controle mental é um indicador da psicose apenas quando isto se torna uma fixação obsessiva.

Hélder Araújo

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Exercício Mental

Um grupo de investigadores constatou que os exercícios aeróbicos podem reduzir o risco de demência ou retardar a sua progressão se esta já tiver começado. Esta constatação teve origem numa extensiva revisão à literatura científica (dados científicos) relativa a este tema - exercício e cognição. Esta literatura incluía estudos com animais e observações a seres humanos.
O neurologista Eric J. Ahlskog explica que este recorrer a dados passados mostrou que o exercício físico é eficiente na prevenção da demência, e defende que “os pacientes que são tratados em clínicas especializadas devem ser incentivados a praticarem exercício, pois é benéfico para a saúde em geral e para a saúde cognitiva, uma vez que facilita as conexões cerebrais”. 
Esta interação entre a mente e o corpo tornou-se um alvo de interesse por parte dos médicos, atletas, população em geral e ainda muitas empresas de sucesso. Esta descoberta está a motivar os médicos a recorrerem a esta relação entre exercício físico e bem-estar emocional. As empresas também estão a apostar cada vez mais em momentos de lazer e descontração que incluam exercício físico para os seus funcionários, conduzindo assim a uma melhoria do estado de espírito e do ânimo destes e, consequentemente, gerando uma maior produtividade para a empresa.
No entanto, antes de alguém começar todo e qualquer tipo de exercício, tem de conhecer muito bem o seu corpo, as suas capacidades e ainda todos os problemas que possa possuir. Uma vez passada esta fase, o exercício deve começar de forma gradual, acompanhado por um profissional, aumentando periodicamente o grau de dificuldade, para ir habituando o corpo ao esforço exigido, sendo por isso um processo construtivo. 
É também necessário escolher uma atividade motivadora, que seja agradável e acessível à pessoa em questão, evitando assim desmotivações e abandono precoce dessas mesmas atividades.
Assim, depois de algum tempo na prática de exercício, as pessoas notarão um melhor desempenho cognitivo, um bem-estar muito elevado e uma maior facilidade de pensamento e um claro sucesso profissional.
Para além da demência, a prática de exercício físico pode ajudar na prevenção de stress e de depressões.
Em suma, quando nos sentimos bem fisicamente, consequentemente estamos bem a nível psicológico e vice-versa. Esta condição pode também ter como explicação o facto de o exercício provocar uma libertação de endorfinas no nosso cérebro, substância responsável por provocar bem-estar no nosso organismo.

Joaquim Oliveira

sábado, 21 de janeiro de 2012

Programas genéticos aberto e fechado


Há um programa de desenvolvimento correspondente a cada espécie e, por conseguinte, a cada indivíduo. Em determinadas condições externas, sabemos que, 9 meses depois de uma mulher engravidar, nasce um bebé. 

No entanto, os seres vivos, melhor dizendo, as espécies, podem ter programas genéticos abertos ou fechados. Nos animais e nas plantas, o mais comum são os programas genéticos fechados: os seres atingem um ponto/um estádio de desenvolvimento em que estagnam e não têm capacidade de se adaptarem ou modificarem o seu comportamento. Estão codificados para reagir de uma determinada forma a um determinado estímulo, a escolher um habitat específico, a terem aqueles rituais de acasalamento e assim sucessivamente. Há a previsão de comportamentos.


O programa genético aberto implica apenas uma programação parcial, dando liberdade ao ser evoluir de forma distinta, ter comportamentos imprevisíveis e adaptar-se em casos de alterações ambientais. O Homem tem um programa genético aberto. Por isso, não reage segundo um conjunto de instintos, não tem um comportamento e desenvolvimento pré determinados. A abertura do programa genético implica também uma menos especialização do ser, por isso é que o Homem consegue inventar e fazer um pouco de todas as actividades animalescas.

Nuno Pedrosa

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Evolução humana - Filogénese e Ontogénese

O ser humano é o resultado de uma herança genética e da influência do meio, bem como das experiências que vivencia, e tem um poder muito grande de aprendizagem. Porém, cada indivíduo evolui de uma forma distinta, pela maneira como atribui significados às suas experiências e pelas decisões que toma. O conceito de evolução relaciona-se com duas ciências: filogénese e ontogénese. A filogénese estuda essencialmente a evolução da espécie, bem como a sua origem e desenvolvimento. A ontogénese ocupa-se do estudo da evolução de cada indivíduo.

Tendo como base a sua teoria da evolução das espécies, Charles Darwin admitiu que existiam diferenças entre os seres humanos, apesar de pertencerem à mesma espécie, pois possuíam características que os distinguiam uns dos outros. Ora, na perspetiva de Darwin, a seleção natural seria a principal responsável pela adaptação e pela especialização dos seres vivos, ou seja, seria o fator mais determinante na evolução.

Por outro lado, Jean Piaget defendia que a capacidade de raciocinar do ser humano resultaria de um processo dinâmico adquirido ao longo da vida, que seria o produto das suas experiências, perceções e da sua relação com o meio ambiente. 

Para além destas duas ciências, Vítor da Fonseca acrescenta ainda um outro aspeto: a retrogénese. Ou seja, esta teoria afirma que os idosos sofrem um processo de involução, no qual a perda de controlo percetivo e corporal determina esse estádio da vida. 

Ao longo do tempo, os seres vivos enfrentam novas realidades ou situações que exigem uma adaptação. E é neste sentido que entra a perspetiva epigenética, que defende que o desenvolvimento é o fruto de uma interação entre a informação genética e o meio ambiente.

Como tal, podemos concluir que o facto de o ser humano possuir um programa genético aberto é algo muito positivo, uma vez que proporciona diferentes aprendizagens, pois desenvolve a sua capacidade de imaginar soluções para os problemas que vão surgindo. Deste modo, o ser humano vai-se tornando mais especializado e complexo. O caráter inacabado do homem não é por isso a sua fragilidade, mas antes a razão da sua força.


Maria Oliveira

Sociedade vs Natureza

O título pode dar a entender que o Homem está contra a Natureza, contudo é mesmo esse o intuito dessas palavras. Dito isto, parece que sou um maluquinho que apenas se interessa pela maldade entre ambas as partes, mas apenas quero mostrar a realidade deste problema.
Isto justifica-se pela maneira como o ser humano vive, pela DEMASIADA industrialização e falta de "maneiras" que façam face aos problemas das mesmas. Vivemos numa sociedade demasiado desenvolvida, que apenas traz bem estar para os ser humanos, não para o ambiente.
Exemplo disso são as várias fábricas em Portugal que fazem despejos nos rios e consequentemente, polui toda a área circundante do rio.
Mas o que nós fazemos ao ambiente é merecido? Claro que não, melhor que uma mãe que nos traz ao mundo, é o ambiente que nos dá vida e nós contribuimos de uma maneira vergonhosa. Tratamos o ambiente como se fosse apenas um pano de fundo, quando deviamos tratá-lo como primeiro plano.
Diariamente, são emitidas quantidades absurdas de dióxido de carbono para a atmosfera, seja através do fumo dos carros, seja fumo de fábricas...
 Nos grandes centros, exemplo Lisboa ou Porto, milhares de carros entopem as estradas, principalmente nas horas de ponta. E que tal se começassemos a usar transportes públicos para ir para o trabalho? Têm vergonha de ir para o trabalho de transportes públicos? Tenham mas é vergonha por aquilo que estão a fazer ao nosso planeta...

Marco Pereira

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

O que é a mente?

Alguns pensam que a mente é o cérebro ou qualquer outra parte ou função do corpo, mas não é verdade. O cérebro é um objeto físico que pode ser visto, fotografado ou submetido a uma cirurgia.
A mente, por outro lado, não é algo material. Ela não pode ser vista com os olhos nem fotografada ou operada. Portanto, o cérebro não é a mente, mas apenas uma parte do corpo.
Não há nada dentro do corpo que possa ser identificado como sendo nossa mente, porque nosso corpo e mente são entidades diferentes. Por exemplo, às vezes nosso corpo está descontraído e imóvel, e a mente em plena atividade, movendo-se rapidamente de um objeto para outro. Isso indica que nosso corpo e mente não são a mesma entidade.
Nas escrituras budistas, nosso corpo é comparado a uma hospedaria, e a mente, ao hóspede que ali reside. Quando morremos, a mente deixa o corpo e vai para uma próxima vida, como um hóspede que sai de uma hospedaria e vai para outro lugar.
A mente é algo sem forma, que tem como função perceber e entender os objetos. Sendo, por natureza, algo não corpóreo, ela não pode ser obstruída por objetos físicos.
É muito importante conseguir distinguir estados mentais agitados de estados mentais pacíficos. Os estados mentais que perturbam nossa paz interior, como raiva, inveja e apego desejoso, são denominados ‘delusões’ e são as principais causas de todo o nosso sofrimento.


Talvez pensemos que nosso sofrimento seja provocado por outras pessoas, pela falta de condições materiais ou pela sociedade, mas, na realidade, ele vem dos nossos próprios estados mentais deludidos. A essência da prática espiritual consiste em reduzir e, por fim, erradicar totalmente nossas delusões, substituindo-as por paz interior permanente. Esse é o verdadeiro significado da nossa vida humana.

O ponto essencial que aprendemos ao entender a mente é que a libertação do sofrimento não pode ser encontrada fora da mente. A libertação permanente só pode ser alcançada por meio da purificação da mente. Sendo assim, se quisermos nos livrar dos problemas e alcançar paz duradoura e felicidade, precisamos aumentar nosso conhecimento e compreensão da mente.

Fonte.  
Ricardo Gonçalves

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Nas teias da publicidade...

A utilização dos conhecimentos de psicologia na publicidade teve início por volta dos anos 20. Nessa época procurava-se descobrir a forma como os consumidores apuravam os aspetos mais apelativos relativamente a um determinado produto. Como tal, a publicidade começou a basear-se em estudos da psicologia para avaliar a atenção, a memorização, as perceções e os sentimentos dos consumidores. Os resultados dessa primeira investigação foram muito satisfatórios e as pesquisas permitiram a criação de um novo método: “escutar os consumidores”. Esta técnica levou à descoberta de que os consumidores possuem diversos desejos e necessidades, nomeadamente a necessidade de produtos que ainda não existem no mercado. 

Segundo a psicóloga Vera Bachmann, a psicologia da publicidade centra-se sobretudo nas motivações do comportamento de consumo. Para além de investigar o comportamento dos consumidores, esta área da psicologia estuda também as técnicas que visam influenciar esse comportamento. Envolve ainda investigações de crenças e tendências associadas a uma marca ou a um produto específico, possuindo métodos que avaliam exclusivamente o campo da publicidade, tais como pesquisas de imagem e de personalidade.

Assim, os publicitários estudam o processo psicológico que está na base da formação de uma mensagem publicitária e o impacto que se pretende obter com essa mensagem. Este estudo abrange conhecimentos que envolvem a dimensão afetiva e cognitiva (ambas relacionadas com o processamento da informação), as teorias de persuasão e o processo de construção da mensagem publicitária para que esta possa ter impacto no recetor, tanto ao nível dos comportamentos como das atitudes.

No entanto, algumas agências colocaram a psicologia da publicidade de lado, uma vez que as suas pesquisas eram demoradas e dispendiosas. Assim, a psicologia da publicidade acabou por se afastar da sua condição de instrumento de trabalho para os publicitários.

Maria Oliveira

domingo, 15 de janeiro de 2012

Como nos viciamos?


Um vício é um hábito repetitivo que causa algum prejuízo ao viciado e aos que com ele convivem. Este termo também é utilizado de uma forma descontraída e de aceitação total, por exemplo, “Viciado em chocolate”.
O oposto de “vício” é “virtude”, tendo Margaret Mead dito que “A virtude é quando se tem a dor seguida do prazer; o vício, é quando se tem o prazer seguido da dor”
Muitas pesquisas encontram uma relação direta entre prazer (imediato) e dependência, e o poder de atração para um novo ciclo de prazer-depressão, característico de todas as formas de vício.
Dessa forma, apesar de este comportamento ser explicado biologicamente, a sua avaliação social é paralela aos conceitos de mau, incorreto, indecente, antinatural, arriscado, doentio, perigoso, fatal.
De qualquer maneira, o vício é um conceito composto e indissociável, formado por diversas aceções que se sobrepõem aos mais diversos campos da ciência, mas filosoficamente isto é contraditório, já que o conceito de ciência não prescinde de moral ou ética. Para além disso, é um conceito contemporâneo (da forma como o conhecemos) que não existia há algumas décadas, sendo um complexo real e imaginário em torno da individualidade.
Por outro lado, quando se trata de dependência, seja ela física, psicossocial ou ambas, há grandes possibilidades de se encontrar medicamentos definitivos e de grande qualidade, que eliminem o vício nas suas diversas formas.
Para a psicologia comportamental o vício é o resultado de uma construção orgânica, desencadeada pelo reforço de uma relação entre estímulo e prazer químico, ou ainda, é uma questão puramente biológica, em detrimento da abordagem simbólico-linguística que a psicanálise Lacaniana (psicanalista francês) enuncia.
As pesquisas dessa linha de conhecimento fornecem dados a partir de experimentos com animais menos desenvolvidos psicologicamente que o homem como ratos, gatos e cães e outros animais, que não possuem realidade social, individualidade ou autoconsciência, como ocorre nos seres humanos.

Joaquim Oliveira

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Vídeojogos vs Psicologia


A psicologia vem ajudando o homem a conhecer-se melhor há mais de um século, desde a sua formalização como ciência académica em 1879. Ao longo de sua história de pesquisa, muitas atividades culturais típicas foram utilizadas pela psicologia para sondar e estudar o psiquismo humano. Os jogos não são exceção, sempre estiveram presentes como instrumento de análise psicológica. Ainda que a complexidade do homem e a sua atividade psicológica tenham encontrado um número vasto de descrições e explicações, os métodos em psicologia guardam a semelhança de serem indiretos na sua maioria, ou seja, se valem de indícios secundários para falar da personalidade. Assim, na pesquisa psicológica é comum o que chamamos que inferência, ou dedução a partir de um jogo ou teste psicológico.
A teoria dos jogos é muito conhecida como meio de análise da personalidade. Com crianças é utilizada uma técnica de diagnóstico que chamamos de hora de jogo diagnóstica, onde são avaliadas disposições subjetivas a partir da atividade lúdica. Não é novidade falar de jogos e personalidade, ou utilizar o jogo como unidade de análise da personalidade. Este é o típico defensivo. Base reforçada, pouca tecnologia. Contudo, com o passar das tecnologias do "virtual" surge um tipo de jogo que pode revolucionar os métodos de análise personológica baseadas no ato de brincar.
Refiro-me à estratégia em tempo real, que oferece aos psicólogos uma grande oportunidade de avaliar traços de personalidade a partir das estratégias adotadas pelos jogadores e das habilidades intelectivas e cognitivas requeridas na dinâmica do jogo de estratégia em tempo real. De fato, jogos on-line em tempo real levam ao limite o traço marcante do campo lúdico na pesquisa psicológica: o envolvimento e a espontaneidade. Se os jogos são uma revolução para a psicologia o que os jogadores e a comunidade de apreciadores do género podem ganhar com isso? Além de ajudar a conhecer melhor o adversário e fazer o jogo ficar mais competitivo, a psicologia pode contribuir na programação de jogos mais equilibrados, onde diferentes personalidades possam explorar as suas características com vantagem semelhante. De fato, entendemos que a partir da estratégia adotada pelo adversário é possível inferir a sua personalidade.

Luís Lopes

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Clonagem...


A clonagem é um mecanismo comum de propagação de espécies em plantas ou bactérias. De acordo com Webber (1903) um clone é definido como uma população de moléculas, células ou organismos que se originaram de uma única célula e que são idênticas à célula original e entre elas. Em humanos, os clones naturais são os gémeos idênticos que se originam da divisão de um óvulo fertilizado. A grande revolução da Dolly, que abriu caminho para possibilidade de clonagem humana, foi a demonstração, pela primeira vez, de que era possível clonar um mamífero, isto é, produzir uma cópia geneticamente idêntica, a partir de uma célula somática diferenciada. Para entendermos porque esta experiência foi surpreendente, precisamos recordar um pouco de embriologia. Todos nós já fomos uma célula única, resultante da fusão de um óvulo e um espermatozóide. Esta primeira célula já tem no seu núcleo o DNA com toda a informação genética para gerar um novo ser. O DNA nas células fica extremamente condensado e organizado em cromossomas. Com excepção das nossas células sexuais, o óvulo e o espermatozóide que
Santa Mãe de Deus! Fui clonado! 
têm 23 cromossomas, todas as outras células do nosso corpo têm 46 cromossomas. Em cada célula, temos 22 pares que são iguais nos dois sexos, chamados autossomas e um par de cromossomas sexuais: XX no sexo feminino e XY no sexo masculino. Estas células, com 46 cromossomas, são chamadas células somáticas.
A nossa primeira célula resultante da fusão do óvulo e do espermatozóide, logo após a fecundação, ela começa a se dividir: uma célula em duas, duas em quatro, quatro em oito e assim por diante. Pelo menos até a fase de oito células, cada uma delas é capaz de se desenvolver em um ser humano completo. Na fase de oito a dezasseis células, as células do embrião se diferenciam em dois grupos: um grupo de células externas que vão originar a placenta e os anexos embrionários, e uma massa das células internas vai originar o embrião propriamente dito.
                                                                                                                                                                     Hugo Oliveira

domingo, 8 de janeiro de 2012

Genética Médica


A Genética Médica, embora utilize os conhecimentos das demais áreas, lida especificamente com as doenças genéticas, incluindo a Genética Clínica , que é o atendimento ao paciente com doenças genéticas, sua família, e a realização do aconselhamento genético. Os distúrbios genéticos podem ser inicialmente classificados em 3 grandes grupos: monogênicos , multifatoriais e cromossômicos. Herança multifatorial é aquela em que o fenótipo ocorre pela determinação genética e de fatores do meio ambiente. A susceptibilidade genética ocorre quando genes propiciam a aquisição ou desenvolvimento de caracteres (ou doenças) determinadas por fatores do meio ambiente. A determinação da susceptibilidade pode ser monogênica ou poligênica, nesta última havendo limiares para determinação fenotípica. A maioria das doenças genéticas são doenças gênicas, isto é, determinadas por mutações em um gene, cujo efeito primário é a formação de uma proteína modificada ou supressão da síntese de determinada proteína, entretanto, na maior parte dessas doenças o efeito primário não é conhecido e a etiologia genética é reconhecida pelo fato de a doença ser hereditária (transmitida de geração a geração) ou de ser mais frequente em determinados grupos populacionais. A distribuição dos genes nas famílias e populações é objeto de estudo da genética de populações. As doenças geneticamente determinadas nas quais conhecemos a alteração bioquímica, são conhecidas como erros inatos do metabolismo e estudadas pela genética bioquímica. As cerca de 3000 doenças que apresentam herança monogênica, podem em alguns casos ser tratadas pela correção dos distúrbios metabólicos, mas na sua maioria não tem tratamento no momento. Contudo, o estudo e identificação dos genes responsáveis por essas doenças e a busca de metodologia para modificar o DNA (terapia gênica) de grande interesse da genética molecular, incluindo-se aí o Projeto Mundial "Genoma Humano" que pretende decifrar todo o código genético da espécie humana na próxima década. A metodologia de investigação nas doenças decorrentes de mutações envolve a identificação de proteínas, produtos de degradação ou metabólitos de vias alternativas através de análises bioquímicas e a análise do DNA, que permite a identificação da região alterada. Os genes estão contidos nos cromossomos, organelas que se individualizam durante a divisão celular. Na espécie humana o número diploide de cromossomos é 46, sendo 22 pares de autossomos e 1 par de cromossomos sexuais, XX na mulher e XY no homem. Cada cromossomo contém centenas de genes, sendo o total do genoma humano composto por cerca de 50.000 genes estruturais, além de genes reguladores. Quando ocorrem aberrações cromossômicas, isto é perda ou excesso de cromossomos inteiros ou de segmentos de cromossomos (visíveis ao microscópio ótico), há perda ou excesso de vários genes, ocorrendo numerosas modificações fisiopatológicas. Estudamos as aberrações cromossômicas na área de citogenética.

A análise do cariótipo humano é rotineiramente realizada nos linfócitos, sendo para isso colhida amostra de sangue periférico, mas também pode ser realizada nas células das vilosidades coriônicas, nas células de descamação fetal presentes no líquido amniótico, em fibroblastos ou em qualquer célula nucleada que possa ser cultivada in vitro. Por não compreendermos a fisiopatologia dessas doenças, não há ainda tratamento específico, apenas terapias paliativas. A realização de programas de aconselhamento genético, prevenção e diagnóstico pré-natal ainda são a única opção disponível para diminuir a frequência de crianças portadoras de doenças geneticamente determinadas.

Hélder Araújo

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Gregor Mendel - o visionário

Gregor Mendel nasceu em Julho de 1822, na Silécia (Áustria), acabando por falecer em 1884. Era proveniente de uma família de camponeses e por isso estava sempre em contacto com a natureza. A sua família, desde cedo se apercebeu que Mendel era um jovem muito inteligente e por isso incentivou-o a seguir estudos, e, aos 21 anos, a entrar num mosteiro da Ordem de Santo Agostinho em 1843, visto que não tinham posse para suportar o custo dos estudos. Tornou-se, então, monge e a sua função no mosteiro era supervisionar os jardins do mesmo. Dada a sua função, Gregor decidiu então dedicar-se ao estudo exaustivo de determinadas plantas em prol de investigar a transmissão de caracteres dentro da mesma espécie.
Mendel, foi então o primeiro cientista que realizou experiências verdadeiramente importantes para o esclarecimento dessa mesma transmissão de caracteres hereditários. Este investigador realizou muitas e meticulosas experiências com animais e algumas plantas, contudo os trabalhos que realmente ficaram ligados ao seu nome foram elaborados com ervilheiras da espécie Pisum sativum. Importa realçar que, quando Mendel iniciou os seus trabalhos, os genes, o DNA, os cromossomas e mesmo a gametogénese ou a meiose eram totalmente desconhecidos. Daí que a ideia de fator como unidade de transmissão hereditária considerada por Mendel fosse inevitavelmente inovadora. E, embora nem todas as características mostrem estes padrões de hereditariedade mendeliana, o trabalho de Mendel provou que a aplicação da estatística à genética poderia ser de grande utilidade.
Realizando cruzamentos de monibridismo, este cientista iniciou os seus trabalhos com a análise de um só carácter. É o caso, por exemplo, da transmissão do carácter da cor vermelha, nas ervilheiras. Para cada uma das características com que trabalhou, começou por selecionar e isolar, ao longo de dois anos, linhas puras, ou seja, indivíduos que, cruzados entre si, originam uma descendência que é sempre toda igual entre si e igual aos progenitores relativamente à característica em estudo.
Infelizmente para este investigador, só depois da sua morte é que o seu trabalho foi reconhecido, sendo atualmente, considerado como um dos mais importantes trabalhos para o aparecimento da genética (visto que é uma ciência relativamente recente). Mendel morreu dia 6 de Janeiro de 1884 de uma doença renal crónica. Era um visionário, um homem que se encontrava desenquadrado da sua época devido à sua mente “brilhante”. Fora, por isso mesmo, ignorado durante toda a sua vida.

Cesarina Ferreira

Escola De(mente) - Não faltes!

Um estudo realizado nos Estados Unidos e publicado na revista “Child Development” evidenciou que jovens com níveis elevados de absentismo escolar estão mais sujeitos ao desenvolvimento de sintomas relacionados com transtornos mentais do que aqueles que frequentam a escola regularmente. O estudo envolveu cerca de 17 mil jovens e concluiu que quanto maior for o número de dias de aula perdidos, maiores serão as hipóteses de surgirem problemas a nível psicológico. Verificou ainda que os alunos que apresentavam maiores índices de falta ao longo de um ano letivo, tiveram tendência a sentir depressão, ansiedade e manifestaram comportamento anti-social.

Em crianças e adolescentes, a depressão expressa-se de forma diferente relativamente às pessoas de idade adulta. Os adultos tendem a queixar-se de sentimentos constantes de tristeza ou falta de esperança. As crianças, por sua vez, apresentam estados de irritabilidade, comportamentos provocativos e alterações súbitas de humor. Na adolescência, os sintomas de depressão podem facilmente passar despercebidos. Aliás, muitas crianças e adolescentes não chegam a tomar conhecimento de que estão deprimidos, pois não conversam sobre aquilo que sentem. 

Por estes motivos, é muito importante que tanto os pais como os professores possuam conhecimentos que lhes permitam apurar os casos em que se considera necessário encaminhamento psicológico. Para além disso, identificar corretamente crianças e adolescentes que merecem especial atenção psicológica é igualmente relevante, na medida em que existem muitos jovens que apresentam problemas comportamentais significativos e que desconhecem a necessidade de ajuda psicológica. Como tal, penso que os pais e os professores deveriam receber orientações no sentido de poderem compreender e prevenir comportamentos desajustados. Essa instrução poderia ser realizada por psicólogos ou profissionais da área da saúde mental em escolas ou em centros especializados, por exemplo.

Pelo anterior referido, sublinho a importância da duplicidade da palavra saúde. A saúde física é apenas aparente quando contrastada pela saúde psíquica. Os pais, alunos, professores e familiares devem contribuir para uma esfera social que se manifeste num equilíbrio de experiências positivas para o jovem. Como seres humanos aspiramos à inclusão no mundo que nos envolve, à suavização das nossas diferenças. A escola deve ser por isso um dos meios em que tal acontece, seja porque os outros valorizam o que há de especial em nós, seja porque nos alivia conhecer o outro, que sofre pelas mesmas coisas ou que trabalha para realizar o mesmo sonho. E é aqui que reside o papel vital da escola, na contribuição que representa para o nosso desenvolvimento cognitivo enquanto alunos da vida. As instituições de ensino ajudam-nos assim não só a saber mais acerca do mundo, como a integrar-nos melhor nele. 

Maria Oliveira